O município do Rio de Janeiro teve um aumento de 857% nos casos de dengue até março em comparação com 2010. Foram mais de 5 mil casos notificados até esta semana, enquanto no mesmo período do ano passado, esse número chegou a 529 vítimas. A região metropolitana registrou elevação de cerca de 1.000% nos casos nos primeiros dois meses do ano, também em comparação com o mesmo período do ano passado.
O aumento expressivo dos casos da doença é atribuído à volta do sorotipo 1, que não circulava desde 1986. Ele deixou a população mais jovem suscetível à dengue. Mais da metade dos casos notificados é de pessoas com menos de 15 anos. De acordo com coordenador de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Rio, Marcos Ferreira, nove bairros apresentam alta taxa de incidência, com mais de 300 casos por 100 mil habitantes, considerada um surto. Pedra de Guaratiba, na zona oeste do Rio, é a campeã de vítimas do Aedes aegypti, com 941,2 casos para cada 100 mil habitantes.
"Estamos em estado de alerta na cidade toda, mas este quadro já era esperado por causa do vírus tipo 1, que voltou e deixou vulneráveis as pessoas com menos de 25 anos. A boa notícia é que taxa de letalidade da doença diminuiu, embora o ideal é que ela fosse zero", disse Ferreira.
Apesar dos altos números, apenas Bom Jesus de Itabapoana, no noroeste do Estado, apresenta quadro epidêmico. Com 33.655 habitantes, houve mais de 1,1 mil casos até o momento. Ferreira disse que uma redução do número de óbitos por dengue se deve principalmente à identificação rápida dos sintomas nos serviços de saúde do município, como o Saúde da Família e os postos.
A dengue
A doença é transmitida pela picada do mosquito hospedeiro, o Aedes aegypti, infectado. O vírus passa por um período de incubação de quatro a dez dias. Os primeiros sinais são febre alta, dor nas articulações e nos músculos, fraqueza, falta de apetite, manchas avermelhadas pelo corpo, fortes dores de cabeça e dor no fundo dos olhos.
A chamada dengue clássica cura-se naturalmente, quando o organismo se livra do vírus através de anticorpos. A forma hemorrágica, no entanto, requer mais cuidados. Quando o paciente apresenta o quadro hemorrágico, existe sangramento da gengiva, das narinas e de órgãos internos, o que ocasiona as dores abdominais.
Não existe um tratamento específico para a dengue. São tratados somente os sintomas, ou seja, antitérmicos auxiliam a controlar a febre e os analgésicos amenizam as dores musculares e de cabeça, por exemplo. A dengue é uma doença de cura definitiva e espontânea. Isso quer dizer que a pessoa estará sã quando o ciclo do vírus se completar no organismo. Quando há suspeita de dengue, todos os medicamentos que sejam feitos à base de ácido acetilsalicílico têm de ser evitados.
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