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Terça - 10 de Setembro de 2013 às 21:29

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Olhando do alto é difícil imaginar que a terra que hoje abriga uma floresta exuberante foi um dia uma metrópole.



Tikal, no norte da Guatemala, a quase 500 quilômetros da capital, é um dos mais importantes berços da civilização maia, povo que antecedeu os colonizadores espanhóis nesta região da América Central.


 
Segundos registros históricos, os maias ocuparam a região entre um e dois milênios antes e quase um milênio depois de Cristo. Eles viviam da agricultura, da caça e dominavam a matemática, as artes e a arquitetura por volta dos anos 900 da era cristã.


 
De um dia pro outro, os maias abandonaram Tikal e a civilização entrou em decadência. Daquele tempo, sobraram ruínas, pedaços de um quebra-cabeça que os pesquisadores ainda não conseguiram montar completamente.


 
A arqueóloga Liwy Gracioso há 15 anos se dedica aos estudos que tentam descobrir os motivos que levaram os maias a deixar o lugar repentinamente. Na opinião dela, a hipótese mais aceitável é a de que a região foi atingida por cinzas de vulcões em erupção, que são muitos entre a Guatemala e o México. O fenômeno teria desestabilizado toda a cadeia produtiva da cidade e da zona rural.


 
O que não foi apagado pelas cinzas vulcânicas, acabou sendo engolido pelo tempo. Um acervo que estava escondido nos porões dos palácios e dos templos, hoje está exposto no museu de Tikal. São peças de utensílios domésticos, adornos, joias, vasos de cerâmica e esculturas em pedra.


 
Pelos cálculos dos pesquisadores, no auge de sua existência, Tikal chegou a ter uma população calculada entre 80 e 100 mil pessoas.


 
Mas como abastecer tanta gente em épocas tão remotas? De acordo com os estudos, a engenharia maia era eficiente. A tecnologia era tão avançada, que Tikal conseguia vencer longos períodos de estiagem.


 
O segredo era o sistema de captação e distribuição. Quilômetros de dutos canalizavam a água da chuva para os reservatórios. Dali, seguiam para abastecimento humano e até para agricultura. O milho, segundo os estudos, era o principal produto agrícola cultivado pelos maias, espécie de alimento sagrado.


 
Para os maias, os deuses não estavam apenas no céu, mas na terra também, na flora e na fauna. A onça e a serpente eram protetores divinos. A ceiba era uma árvore sagrada. Ela chega a 50 metros de altura e é parente da sumaúma da Amazônia.


 
Mas o que ainda resta hoje em dia da religiosidade ancestral? Em Chichicastenango, na outra extremidade, ao sul da Guatemala, os 120 mil habitantes são descendentes da antiga civilização.


 
Uma igreja, que é uma das mais antigas do país, fica bem no centro da cidade e foi construída sobre uma pirâmide, um templo da civilização maia.



 
A convivência entre duas tradições religiosas é curiosa. Na mesma igreja são realizados rituais para os deuses maias e celebrações dos santos católicos. O padre não é a única autoridade, a igreja tem duas administrações divergentes. Padre Tomaz diz que o mais difícil é conciliar os calendários.


 
A cidade que cultua deuses maias e o católico também se orgulha de ser um grande centro comercial. Não é fácil andar no local, muita gente está comprando e vendendo. O espaço lembra uma grande feira livre do Brasil, mas eles chamam de mercado. E não é um mercado qualquer, é um dos maiores e mais movimentados da América Central.


 
A variedade impressiona. Nos corredores apertados da feira, centenas de agricultores familiares expõem o resultado da colheita com hortaliças, legumes, frutas e verduras.


 
Muita coisa que se produz no Brasil também, como batata, cebola, vários tipos de feijão, cenoura, chuchu, couve-flor, pimentão e o milho ficam à disposição. A tortilla de milho se encontra em qualquer esquina na Guatemala, como o acarajé na Bahia.


 
O milho é a base da dieta do guatemalteco e responde por 70% de toda o alimento consumido no país. Segundo o agrônomo Milton Sandoval, técnico da FAO, o órgão das Nações Unidas que cuida da alimentação, o milho é uma questão de soberania nacional na Guatemala.


 
Por ano, cada pessoa na Guatemala consome 110 quilos de milho, quase o triplo do consumo percapita no Brasil, que é de 40 quilos. O grão é tão importante que é cultivado de norte a sul do país.





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