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Cultura
Quarta - 07 de Fevereiro de 2007 às 15:38

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A causa quilombola no Brasil será tema do Carnaval 2007. A escola de samba Beija-Flor vai homenagear as comunidades remanescentes de quilombos no Brasil em seu samba-enredo e nas fantasias que desfilarão pelo sambódromo do Rio de Janeiro. O enredo da escola este ano é: Áfricas: do Berço Real à Corte Brasiliana, que apresenta as divindades africanas e a resistência à escravidão representada pelos quilombos.

Mato Grosso tem um dos quilombos mais conhecidos do país, é a comunidade de Mata Cavalo, que ainda luta na na justiça pelo direito à terra onde moram. Mais de 400 famílias moram nos 14 mil hectares das terras quilombolas Mata Cavalo no município de Nossa Senhora do Livramento. Há mais de 10 anos elas lutam na justiça pelo direito adquirido no século XVIII. "O Estado brasileiro tem o dever de proteger essas comunidades. Tanto a Fundação Palmares quanto o Incra, têm responsabilidade nessa proteção. O papel do Incra é fazer a desinclusão dessa área, a desapropriação dos proprietários fazendeiros e devolver essa área para a comunidade de Mata- Cavalo", disse a procuradora geral da Fundação Palmares, Ana Maria de Oliveira.

Desde 2003 a responsabilidade para a regularização das terras é do Incra por causa da competência fundiária. O levantamento topográfico e populacional da área, e laudo antropológico apontaram que, de fato, a comunidade é dona da propriedade, mesmo assim, recentemente, a Justiça Federal deu ganho de causa a algumas ações movidas por fazendeiros, que apresentam títulos de posse registrados em cartório. Um total de 15 pessoas de cinco famílias foram despejadas da área na semana passada.

Mata Cavalo é uma comunidade símbolo da luta quilombola no Brasil. Em 2000, a Fundação Cultural Palmares, órgão ligado ao Ministério da Cultura, reconheceu as propriedades como sendo dos remanescentes de escravos.

A letra do samba-enredo da Beija-Flor, que será apresentado no Carnaval do Rio de Janeiro, cita a comunidade quilombola Pedra do Sal, que está em processo de regularização fundiária no Rio pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Serão homenageadas em fantasias as comunidades quilombolas da Ilha de Marambaia, também no Rio, dos Kalungas, em Goiás, e de Casca, no Rio Grande do Sul.

Uma comissão formada por integrantes do Incra e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) esteve na última sexta-feira (2) no barracão da Beija-Flor para conhecer os detalhes do enredo e as fantasias. Entre os participantes, estavam a ministra da Seppir, Matilde Ribeiro.

Os integrantes dos movimentos sociais quilombolas também estiveram presentes na visita, entre os quais os representantes das comunidades de Marambaia, Pedra do Sal e Sacopã, bem como membros da Coordenação Estadual dos Remanescentes de Quilombos do Rio de Janeiro.

Para os coordenadores de movimentos sociais em prol da causa quilombola, o fato de a trajetória dessas comunidades estar presente no samba-enredo e nas fantasias de uma escola de samba do Carnaval carioca é algo positivo para a causa quilombola. Eles afirmaram que a homenagem é importante e uma aliada de grande valia para informar à sociedade brasileira, os direitos das comunidades quilombolas no paísl, principalmente em relação à terra onde viveram seus antepassados e à sua riqueza cultural.





Fonte: RMT-Online

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