UE pede perseverança a Israel em decisões favoráveis à paz

A União Européia pediu nesta segunda-feira perseverança a Israel nas decisões favoráveis ao reatamento do processo de paz com a Autoridade Palestina (ANP). Em reunião com o ministro de Assuntos Exteriores israelense, Silvan Shalom, representantes da UE também expressaram sua satisfação com a libertação de mais 400 prisioneiros palestinos.

Os europeus avaliaram positivamente o fato de ainda não haver decisão definitiva sobre a extensão do assentamento judaico de Ma'aleh Adumim, na Cisjordânia, e pediram a entrega das casas das colônias que serão evacuadas na Faixa de Gaza aos palestinos.

"Seria um sinal catastrófico na retirada de Gaza se as casas chegassem a ser destruídas, pois nelas centenas de famílias palestinas teriam a oportunidade de viver com dignidade", disse à imprensa o ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, cujo país exerce a presidência rotativa da UE.

Asselborn formou, ao lado do alto representante de Política Externa da UE, Javier Solana, e da comissária européia das Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, a troika que se reuniu nesta segunda-feira com Shalom por um lado, e por outro com os ministros dos países árabes do Mediterrâneo, entre eles do Líbano, da Síria e também da ANP.

No encontro com Shalom, os representantes europeus reconheceram as dificuldades enfrentadas pelo o plano de desligamento.

No entanto, urgiram Israel a honrar seu compromisso e pediram que as casas dos assentamentos judaicos que serão desmantelados na Faixa de Gaza sejam entregues, intactas, aos palestinos.

Em entrevista coletiva, Shalom disse que o governo israelense está reconsiderando a intenção inicial de destrui-las.

Além disso, confirmou que o primeiro-ministro Ariel Sharon e o presidente palestino, Mahmoud Abbas (Abu Mazen), se reunirão nas próximas semanas para coordenar o plano.

"Tentamos fazer o possível para coordenar essa retirada com os palestinos, para termos certeza de que esses territórios serão controlados pelas autoridades palestinas e não pelo Hamas por ou outras organizações extremistas", afirmou Shalom.

O ministro israelense pediu que os europeus mantenham o Hamas em sua lista de organizações terroristas e incluam o movimento pró-sírio Hisbolá. "Seria uma catástrofe para o regime de Abu Mazen se os extremistas recebessem o reconhecimento da UE".

Shalom também pediu à União que "trabalhe mais" para promover o cumprimento total da resolução 1.559 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que exige a retirada dos serviços de inteligência sírios do Líbano e o desarmamento das milícias do Hisbolá, além da saída das tropas sírias, já concluída.

Por outra parte, a UE elogiou a decisão israelense de libertar outros 400 presos palestinos.

Os europeus receberam ainda "positivamente" a explicação de Shalom de que Israel não adotou uma decisão definitiva sobre a construção de novas casas na colônia de Ma'aleh Adumim, uma ampliação que a UE não considera conveniente "no atual contexto", segundo Asselborn. O chanceler de Luxemburgo expressou ainda sua "opinião pessoal" sobre o muro de segurança que Israel está construindo na Cisjordânia. De acordo com ele, "a história mostra que com os muros não se resolvem os problemas".

Paralelamente, Solana afirmou que a UE não aceitará nenhuma mudança prática que afete o resultado final das negociações de paz.

A UE pediu ainda a reabertura dos portos e aeroportos para os territórios palestinos e a habilitação de um corredor que os ligue ao Egito.

"O objetivo da UE segue sendo a coexistência de dois Estados mediante a criação de um Estado palestino independente, democrático e viável, que viva junto a Israel e ao resto da região em paz e segurança", afirmou Asselborn.

O ministro destacou o "papel central" do Mapa de Caminho do chamado Quarteto - UE, EUA, Rússia e ONU - para uma paz "que responda às aspirações legítimas dos povos israelense e palestino e englobe também o Líbano e a Síria".