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Meio Ambiente
Terça - 14 de Dezembro de 2004 às 07:24
Por: Maria Angélica Oliveira

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Um pedaço da região extremo norte de Mato Grosso fará parte da segunda maior unidade de conservação do país, o Parque Nacional do Juruena. São cerca de 3 milhões de hectares que esbanjam diversidade biológica entre os rios Teles Pires e Juruena: Cerrado, Floresta Amazônica e espécies ameaçadas de extinção. O maior parque é o Tumucumaque, no Amapá, com 3,8 milhões de hectares.

O traçado da unidade se estende por um milhão de hectares de território mato-grossense, principalmente no entorno do município de Apiacás, e abrange outros dois milhões de hectares do sudeste do Amazonas, chegando até o município de Apuí. Mato Grosso já possui 1,36 milhão de hectares transformados em parques. São 18 unidades no Estado, sendo duas federais e 16 estaduais.

No próximo dia 28, o Ibama realizará uma consulta pública em Apiacás para esclarecer a população sobre a criação do parque. Esse tipo de reunião, que também deverá ser realizada em Apuí (AM), é exigida por lei. Segundo informou o engenheiro agrônomo da sede do órgão em Brasília, Sérgio Brant, ainda não há uma resposta definitiva por parte do governo amazonense.

A área chamou a atenção de técnicos do Ibama em 2002. Localização geográfica, faixas de transição de biomas, florestas densas e abertas, florestas que perdem as folhas na estação seca... A riqueza de ambientes, a maioria ainda intactos, funcionou como convite e alerta. “Existe um processo de ocupação do sul para o norte e também a partir da Transamazônica”, cita o engenheiro agrônomo. O local fica próximo do arco do desmatamento. No entorno do futuro parque, já existem áreas de garimpo.

A partir daí, ocorreram duas vistorias na região. Uma em 2003 e a última em outubro deste ano. O termômetro usado para medir o estado de conservação foi a ocorrência de determinadas espécies. Os anfíbios, por exemplo, possuem alta “sensibilidade ambiental”. A presença deles é indicativo de qualidade para qualquer ambiente.

Na área do parque, foram encontradas 84 espécies de anfíbios e 17 de primatas. “Vinte por cento dos primatas da região Amazônica ocorrem naquela região”, cita. Membros da equipe do Ibama localizaram dois ninhos do gavião-real, predador que se alimenta preferencialmente de preguiças e macacos.

A área é de difícil acesso e praticamente desabitada. Por isso, as expedições eram feitas de helicóptero e barco. Mesmo assim, sem poder se embrenhar na mata, a equipe identificou diversas espécies ameaçadas de extinção. “Tem aves que foram redescobertas ali. Desde a década de 30 não se tinha registro delas”, conta.

Na região, existem cerca de 500 tipos de pássaros. Alguns são considerados raros, como o ananbé-preto, o tiê bicudo e a choca de garganta preta. As florestas abrigam primatas que figuram em listas mundiais de espécies ameaçadas, como o guariba vermelho, o macaco prego de cara branca, macaco barrigudo e o cuxiú de nariz vermelho.

O local possui cachoeiras como o Salto Augusto, que pertence ao rio Juruena. O desenho da unidade protege as nascentes dos rios São Tomé (MT), Bararati (AM) e Sucunduri (AM).

O Ibama vislumbra a possibilidade de explorar o potencial turístico de forma racional. “Será uma nova opção para o desenvolvimento da região”, afirma Brant. Segundo ele, no ano que vem o órgão começará um estudo junto com o governo estadual para preservar toda a fronteira de Mato Grosso com o Amazonas.




Fonte: Diário de Cuiabá

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