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Politica Brasil
Sábado - 14 de Agosto de 2004 às 08:38
Por: Celso Bejarano Jr.

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O presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Carlos Bezerra, afirmou de novo que o cheque seu no valor de R$ 1.161.400 confiscado pela Polícia Federal em uma empresa de factoring de João Arcanjo Ribeiro fora negociado sem o seu aval em 2002 para custear gastos do comitê de campanha do PSDB, partido que havia se juntado ao PMDB de Bezerra nas eleições estaduais.

Na época, concorriam numa mesma chapa Bezerra, que tentava a reeleição ao Senado, e os tucanos Antero Paes de Barros, à eleição para o governo do Estado, e Dante de Oliveira, por uma cadeira no Senado. Ninguém foi eleito e hoje as relações políticas entre o ex-senador Bezerra com Antero e Dante andam estremecidas.

O episódio envolvendo o cheque de Bezerra foi narrado anteontem, em extensa reportagem, publicada no jornal Folha de São Paulo.

De acordo com o impresso paulista, a Vip Factoring, empresa de Arcanjo, condenado ano passado por comandar o crime organizado em Mato Grosso, foi que pagou as despesas da campanha eleitoral de Carlos Bezerra, mas ele nega.

Sustentou a reportagem um relatório da Polícia Federal e ainda declarações do empresário João Dorileo Leal, dono da Gráfica e Editora Centro-Oeste, empresa que edita o jornal A Gazeta, cuja sede fica em Cuiabá.

De acordo com a versão do ex-senador e agora presidente do INSS, ele deu o cheque pré-datado para o dia 19 de novembro de 2002. Bezerra afirma ter entregue a ordem de pagamento ao empresário João Vilar Garcia, o Nico da Triunfo, como é conhecido, que seria, segundo o presidente do INSS, um dos responsáveis pelo comitê de campanha de Dante e Antero. O cheque foi parar na Vip Factoring, indevidamente, de acordo com Bezerra.

Na reportagem da Folha de São Paulo, Dorileo Leal, que era sócio de Nico em 2002, deu uma explicação bem diferente da do ex-senador.

Dorileo confidenciou à Folha de São Paulo que havia recebido o cheque das mãos do ex-senador. "Ele [Bezerra] sabia [da operação com a empresa de Arcanjo] porque quando ele deu o cheque me disse: "O único jeito é você fazer dinheiro disso [na factoring]". Como um cara, hoje presidente do INSS, é tão infantil de dar um cheque de R$ 1 milhão e depois dizer que não sabia? Isso é canalhice.", disparou o empresário.

Dorileo disse ainda à reportagem que com o cheque de R$ 1.161.400 de Bezerra conseguiu captar da factoring cerca de R$ 500 mil para gastar na campanha do candidato que tentava reeleger-se senador.

Na edição de ontem, a Folha de São Paulo publicou uma carta enviada pelo senador ao jornal. Ele contestou a reportagem. Eis alguns tópicos do comunicado.

“Esclareço que esse cheque representava uma transação comercial comum para levantamento de fundos de campanha e foi colocado como garantia no comitê das eleições de 2002 em Mato Grosso. Tão logo tomei conhecimento de que o referido cheque fora trocado em uma factoring (no caso a Vip) - frise-se, portanto, bem antes de ser deflagrada a operação da Polícia Federal conhecida como Arca de Noé (5 de dezembro de 2002) -, entrei na Justiça com uma ação declaratória de inexistência de relação jurídica com nulidade de título de crédito”.

O cheque não fora recuperado porque, segundo Bezerra, o oficial de Justiça não conseguiu localizar o funcionário que cuidava da administração da factoring.

Segue a nota do presidente do INSS: “Quero ressaltar que, quando governei Mato Grosso (1987-90), cheguei a receber ameaças por fechar um cassino clandestino (de João Arcanjo Ribeiro)”.

O primeiro a levantar suspeitas de que dinheiro do crime organizado havia bancado a campanha de Dante e Antero foi Nilson Teixeira, que gerenciava as empresas de factorings de Arcanjo. Teixeira depôs em junho do ano passado ao juiz federal Julier Sebastião da Silva, magistrado que condenou Arcanjo e seu bando a mais de cem anos de prisão.




Fonte: Folha do Estado

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