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Opinião
Terça - 06 de Agosto de 2024 às 00:31
Por: Gonçalo Antunes de Barros Neto

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A filosofia de Epicuro, um dos grandes pensadores da antiguidade, oferece uma perspectiva única sobre a vida e a busca pela felicidade. Epicuro, nascido em 341 a.C. na ilha de Samos, fundou uma escola de pensamento que enfatizava a importância do prazer e da ausência de dor como caminho para uma vida plena. A simplicidade e a busca pelo equilíbrio eram centrais em suas ideias, buscando uma vida tranquila e feliz.

Epicuro resumiu sua filosofia em um conjunto de ensinamentos conhecidos como "Os Quatro Remédios" (Tetrapharmakos), que servem como guia para evitar a dor e alcançar o prazer, garantindo a ataraxia: não tema os deuses. Ele acreditava que os deuses, se existissem, não interferiam nas vidas humanas. Portanto, não havia razão para temê-los ou buscar sua aprovação.

Não tema a morte: segundo Epicuro, a morte não deve ser temida, pois, quando se está vivo, a morte não está presente, e quando a morte chega, não se existe mais. A morte é apenas a ausência de sensações.

O bem é fácil de obter: os desejos naturais e necessários (como a fome e a sede) são fáceis de satisfazer. Buscar a simplicidade e evitar desejos extravagantes faz aproximar da felicidade.


O mal é fácil de suportar: a dor é geralmente de curta duração. Quando intensa, tende a ser passageira, e quando crônica, tende a ser suportável.

Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, desenvolveu a logoterapia, uma abordagem psicoterapêutica centrada na busca de sentido. Em seu livro "Em Busca de Sentido", Frankl argumenta que o sofrimento se torna suportável quando encontramos um propósito ou significado para ele. A capacidade humana de encontrar sentido nas adversidades é um fator crucial para a resiliência e a superação do sofrimento.

O sofrimento não é apenas uma experiência individual, mas também uma construção cultural. Diferentes culturas têm maneiras variadas de entender e lidar com o sofrimento. Rituais, tradições e crenças influenciam como as pessoas percebem e respondem à dor e à adversidade.

Embora o sofrimento seja frequentemente visto como uma experiência negativa, ele também pode ser uma fonte de crescimento e transformação. A dialética do sofrimento sugere que ele pode levar à introspecção, à empatia e à sabedoria. Grandes realizações artísticas, filosóficas e científicas muitas vezes emergem de crises pessoais e sociais.

Apesar das ideias de Epicuro tenham sido eclipsadas por outras correntes filosóficas ao longo dos séculos, seu pensamento teve um renascimento na modernidade. Filósofos e pensadores contemporâneos encontram em suas ideias uma resposta para as ansiedades e complexidades da vida moderna. A ênfase na simplicidade, na busca por prazeres naturais e na valorização das relações humanas ressoa com aqueles que procuram um refúgio das pressões da sociedade atual.

A vida simples, rodeada de amigos e sem medo do desconhecido, talvez seja a chave para a felicidade. Epicuro fundou o "Jardim", uma comunidade onde ele e seus seguidores podiam praticar seus ensinamentos longe das preocupações e excessos da sociedade ateniense. Portanto, lembrem-se: cada um pode criar o seu jardim e ser feliz.

É por aí...

Gonçalo Antunes de Barros Neto tem formação em Filosofia, Sociologia e Direito.



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