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Opinião
Terça - 13 de Agosto de 2024 às 00:22
Por: Oscar Soares Martins

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Será que nossos dados estão realmente seguros onde estão? Seja em órgãos governamentais, bancos, farmácias, hospitais, escolas ou até mesmo em cadastros simples para controle de acesso em prédios, essa pergunta merece atenção. E quanto aos dados de um país, que incluem informações cruciais, como registros atualizados durante a pandemia, cadastro de aposentados, contas bancárias, sistemas de segurança, estratégias militares, pesquisas, e outras informações vitais para o futuro de uma nação? Infelizmente, a resposta é NÃO. Notícias sobre vazamentos de dados são frequentes, e o Brasil permanece entre os países mais afetados globalmente.

Nos últimos anos, as manchetes não se restringiram a empresas, públicas e privadas, que tiveram seus dados expostos. Agora, o mundo enfrenta uma ameaça ainda mais grave: as invasões cibernéticas em larga escala, caracterizadas pela chamada Guerra Cibernética. Nessa nova forma de conflito, países invadem sistemas de outras nações — incluindo governos, sistemas bancários, de segurança nacional, hospitais e a própria internet — para obter informações estratégicas, como dados populacionais, sistemas de radar e mais.

Dois casos recentes ilustram essa realidade: a guerra entre Rússia e Ucrânia, que tem sido marcada por constantes ataques cibernéticos a infraestruturas críticas, e o conflito entre Israel e o Grupo Hamas, onde invasões cibernéticas foram utilizadas para monitorar movimentações militares e sabotar sistemas de comunicação. Em outubro de 2023, por exemplo, um ataque cibernético coordenado na Ucrânia visou centrais elétricas, comprometendo temporariamente o fornecimento de energia em várias regiões. Esses incidentes evidenciam como o digital e o físico se entrelaçam, potencializando o poder destrutivo de ações baseadas em informações precisas.

Nesse cenário, a conscientização global sobre a Soberania Digital dos países é mais urgente do que nunca. Muitos países, incluindo o Brasil, armazenam seus dados em nuvens frequentemente localizadas fora de seu território. Apesar da qualidade dos serviços oferecidos por empresas de armazenamento, a prática de redundância, que replica dados em diferentes países, aumenta os riscos em caso de conflitos internacionais.

A pergunta crítica que surge é: em uma guerra entre países, esses dados estão realmente seguros? Eles devem seguir as leis do país onde estão armazenados ou as do país de origem? Além disso, grande parte desses dados não é criptografada de forma robusta, o que equivale a manter um cofre dentro de outro cofre aberto. Isso significa que, se os dados armazenados em outros países forem acessados por pessoas não autorizadas, a segurança estará comprometida. Em uma guerra, o país que hospeda esses dados pode ser compelido a abrir o acesso, e, por não estarem devidamente protegidos, como por exemplo, através de criptografia, informações sensíveis podem ser expostas a partes não autorizadas.

A realidade é que a Soberania Digital de todas as nações está vulnerável a invasões, resultando em perdas significativas. A guerra cibernética não se limita mais aos conflitos físicos; ela permeia o cotidiano, já que decisões digitais tomadas hoje podem ter impactos substanciais no futuro. Apenas com conhecimento profundo, decisões informadas e investimentos em tecnologias avançadas, como a criptografia de dados e a adoção de boas práticas no mundo digital, as nações poderão enfrentar eficazmente essa guerra cibernética. Proteger a Soberania Digital é uma necessidade urgente para evitar danos ainda maiores no futuro.

Oscar Soares Martins – Consultor de Cybersegurança.



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