Repórter News - reporternews.com.br
Opinião
Terça - 20 de Agosto de 2024 às 00:14
Por: Francisney Liberato

    Imprimir


Pedro era um discípulo muito autêntico e sincero em suas convicções e crenças. Se tivesse que errar, errava convicto. Essa é uma característica de pessoas que não deixam dúvidas sobre quem realmente são. Esses indivíduos até podem ser explosivos, porém, jamais falsos.

Por Pedro respeitar muito o seu Mestre, jamais permitiria que ele lavasse os seus pés, pois na sua mentalidade ele é quem deveria lavar os pés de Jesus Cristo. No entanto, após a repreensão de Cristo acerca da importância daquele ato, ele prontamente permitiu, (João 13:8-9): “O senhor nunca lavará os meus pés! disse Pedro. Se eu não lavar, você não será mais meu discípulo! Respondeu Jesus. Então, Senhor, não lave somente os meus pés; lave também as minhas mãos e a minha cabeça! pediu Simão Pedro”.

A autenticidade de Pedro era tamanha que não apenas estava entregando os pés para ser lavado pelo Mestre, mas também o corpo e a alma.

Pedro sempre foi leal a Cristo, ou pelo menos é o que desejava. Ele cria muito na sua força e na sua capacidade de resolver as coisas, e disse muitas vezes que jamais negaria o Mestre. Muitas vezes, somos iguais a Pedro, pensamos que podemos confiar em nós mesmos, não é verdade? Quantas promessas já fizemos, mas não cumprimos? Será que com todo o nosso arsenal de conhecimento e experiência podemos garantir algo que prometemos a Deus, por nós mesmos?


Em Mateus 26:33, há uma narrativa de Pedro, que nos faz conhecê-lo ainda mais: “Então Pedro disse a Jesus: Eu nunca abandonarei o senhor, mesmo que todos o abandonem”. Naquele momento, Pedro foi sincero ao dizer que nunca negaria ou abandonaria o Mestre, porém, talvez ele não tivesse a dimensão correta do que estaria por vir, crendo mais em sua coragem de enfrentar o inimigo do que no fato de precisar estar protegido espiritualmente para o grande acontecimento que viria.

Muitas vezes somos levados a crer em nossa própria capacidade de enfrentar o desconhecido por algo ou alguém. O fato é que, há batalhas que são vencidas por intermédio do Espírito Santo, que nos dá a sabedoria e tira o medo do coração do homem.

A história relatada no livro de Mateus 26:69-75, conta que: “Pedro estava sentado lá fora no pátio, quando uma das empregadas chegou perto dele e disse: — Você também estava com Jesus da Galileia. Mas ele negou diante de todos, dizendo: — Eu não sei do que é que você está falando. Depois foi para a entrada do pátio. Outra empregada o viu e disse às pessoas que estavam ali: — Ele estava com Jesus de Nazaré. Pedro negou outra vez, respondendo: — Juro que não conheço esse homem! Pouco depois, os que estavam ali chegaram perto de Pedro e disseram: — O seu modo de falar mostra que, de fato, você também é um deles. Então Pedro disse: — Juro que não conheço esse homem! Que Deus me castigue se não estou dizendo a verdade! Naquele instante o galo cantou, e Pedro lembrou que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante, você dirá três vezes que não me conhece.” Então Pedro saiu dali e chorou amargamente”.

Pedro não apenas negou o Mestre uma única vez, ele o negou por três vezes, o que demonstra que a capacidade humana por si só não sustenta a sua fé. Quanto mais longe de Jesus estivermos, a chance de falhar e negá-lo é muito grande.

No livro “Parábolas de Jesus”, é apresentado um Pedro autossuficiente, que após a negação de Cristo se arrependeu e mudou de postura: “A confiança própria enganou-o. Julgou-se capaz de resistir à tentação; mas poucas horas depois veio a prova e, com blasfêmia e perjúrio, negou seu Senhor. Quando o cantar do galo lhe lembrou as palavras de Cristo, surpreso e atônito pelo que acabava de fazer, voltou-se e olhou a seu Mestre. Simultaneamente Cristo olhou a Pedro e sob aquele olhar aflito em que se misturavam amor e compaixão por ele, Pedro conheceu-se. Saiu e chorou amargamente. Aquele olhar de Cristo lhe partiu o coração. Pedro chegara ao ponto decisivo, e amargamente se arrependeu de seu pecado. Foi como o publicano em sua contrição e arrependimento, e como o publicano achou também graça. O olhar de Cristo lhe assegurou o perdão. Findou aí sua confiança própria. Nunca mais foram repetidas as velhas afirmações de autossuficiência. Depois da ressurreição, três vezes provou Cristo a Pedro. “Simão, filho de Jonas”, disse, “amas-Me mais do que estes?” João 21:15. Pedro agora não se exaltou sobre os irmãos. Apelou Àquele que podia ler o coração. “Senhor”, respondeu, “Tu sabes tudo; Tu sabes que eu Te amo.” João 21:17”.

Por Pedro ser autêntico e verdadeiro, ele confiou em si mesmo e negou Jesus, mas, foi alcançado pela graça e o perdão do Pai, se arrependeu do seu erro e chorou amargamente por confiar nas suas próprias convicções.

O livro “O desejado de todas as nações”, de Ellen G. White traz o sentimento de Pedro: “A vista daquele rosto pálido e sofredor, daqueles trêmulos lábios, daquele olhar compassivo e cheio de perdão, penetrou-lhe a alma como uma seta. Despertou-se a consciência. Ativou-se a memória. Pedro recordou sua promessa de poucas horas antes, de que havia de ir com seu Senhor à prisão e à morte. Lembrou-se de seu desgosto quando, no cenáculo, Ele lhe dissera que havia de negar seu Senhor três vezes naquela noite. Pedro acabava mesmo de declarar que não conhecia a Jesus, mas compreendia agora com amarga dor quão bem o Senhor o conhecia e quão exatamente lhe lera o coração, cuja falsidade nem ele próprio conhecia”.

Deus perdoou Pedro pela sua falha, e mais, não se lembrando dela. E poucos dias depois, ao Jesus ressuscitar, sabe para qual discípulo Ele apareceu primeiro? Pedro, conforme Lucas 24:34 e 1 Coríntios 15:5: “E os apóstolos diziam: — De fato, o Senhor foi ressuscitado e foi visto por Simão! E apareceu a Pedro e depois aos doze apóstolos”.

Deus conhece o coração de cada um de nós, pois Ele mesmo nos criou. Deus sabia cada desejo e intenção que havia no coração de Pedro, que mesmo tendo Lhe negado, entendia os processos espirituais que estavam se formando na vida desse discípulo.

Após esse acontecimento doloroso na vida de Pedro, ele de fato compreendeu que suas boas qualidades deveriam ser submetidas ao crivo de Cristo, a fim de serem canalizadas para o propósito da Missão.

Sua verdadeira conversão ocorreu após essa experiência de arrependimento e perdão, contudo, após seu coração ser quebrantado, todas as suas qualidades, desde sempre percebidas pelo Mestre, foram usadas em favor do Ministério de Cristo.

Diante das adversidades dessa vida, é bem provável que já negamos a Jesus muitas vezes, e assim como Pedro, que possamos declarar nosso arrependimento, conforme a canção de amor, de Daniel Lüdtke, “Sabes que eu te amo”: “Depois de negar a Jesus três vezes. Pedro, agora responde três vezes que O ama. Mas eu não neguei a Jesus somente três vezes. Por isso que eu quero repetir e repetir e dizer. Que eu O amo! Que Ele é o Senhor da minha vida! Que Ele é o meu grande amor! Cante pra Ele e diga! Tu sabes que eu Te amo. Tu sabes que eu Te amo. Tu sabes que eu Te amo”.

Francisney Liberato é auditor do Tribunal de Contas.



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/6243/visualizar/