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Opinião
Segunda - 02 de Setembro de 2024 às 00:58
Por: Renato de Paiva Pereira

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O presidente Lula, copiando o Bolsonaro, detonou mais uma instituição brasileira. A vítima desta vez foi a Anvisa que cuida dos medicamentos, vacinas e alimentos liberando o que é seguro para o povo consumir. Desde o governo anterior virou praxe esculhambar as organizações públicas como IBGE, Banco Central, Poder Judiciário, Universidades, porque para os fracassos do governo é preciso achar culpados.

As entidades públicas têm importante e vital serventia na formação das sociedades. Se elas são fortes e confiáveis ajudam a promover a estabilidade social. Ao contrário, se débeis, alimentam a ideia de que no País vale tudo porque nada funciona mesmo.

A Suécia é frequentemente citada como um exemplo de sucesso. Lá a população confia plenamente em suas instituições e o país construiu um dos sistemas sociais mais eficientes do mundo.

O Brasil, ao contrário, enfrenta um cenário difícil. Por longos anos, agências do governo e autarquias têm sido alvo de críticas da população, e agora, também são atacadas pelos próprios governantes. Essa atitude contribui para a desconfiança generalizada e para a percepção de que a ineficiência delas é irreversível.



Na Suécia, seguindo com o mesmo exemplo, no começo do século passado, só os ricos tinham direito ao voto

Na semana passada o presidente disse que seria necessário morrer um parente de funcionário da Anvisa — por falta de medicamento pendente de análise — para que ela agilizasse os processos de licenciamento. Em resposta, Antônio Barra Torres — diretor do órgão — questionou a declaração leviana de Lula e disse que não precisaria haver mortes para lembrar os servidores de suas obrigações. Também transferiu a responsabilidade para o governo a quem acusou de não oferecer os funcionários necessários.

Mas, nem tudo está perdido, embora esse comportamento atávico nos leve a pensar que não há possibilidade de mudança. Exemplos de outros países indicam que não deve se aplicar, neste caso, a filosofia do determinismo. Esta prega que as coisas já tem imposta sina e que não há como nos livrar dela.

Na Suécia, seguindo com o mesmo exemplo, no começo do século passado, só os ricos tinham direito ao voto e, além disso, o acesso a ele era quantitativamente distribuído conforme as posses materiais de cada um.

Lá os mesmos mecanismos que mensuravam a riqueza de cada um para receber benefício, foram utilizados para criar um imposto progressivo, cobrando mais dos ricos. Esta arrecadação foi usada para melhorar o ensino público, que hoje está disponível a todos os habitantes, transformando o País em um dos mais igualitários do mundo.

A comparação entre Suécia e Brasil destaca a importância das instituições na formação de uma sociedade justa e desenvolvida. Enquanto lá o povo respeita as organizações públicas, aqui no Brasil as desmoraliza, com o apoio explícito dos dirigentes.

O processo de fortalecimento das entidades públicas brasileiras, que precisa ser iniciado pelos governantes, é essencial para romper o ciclo de desconfiança. Instituições valorizadas geram respeito da população e dão orgulho aos seus servidores e estes passam a defendê-las contra discursos desrespeitosos dos mandatários.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.



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