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Opinião
Segunda - 14 de Outubro de 2024 às 00:06
Por: Renato de Paiva Pereira

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O primeiro turno da eleição municipal deste ano teve alguns detalhes interessantes:

O primeiro e mais importante deles é que o sistema eleitoral brasileiro, tão atacado em 2018, recuperou-se e provou a lisura das urnas eletrônicas. Isto é ótimo porque parte dos eleitores acreditaram nas acusações feitas contra elas nas eleições presidências daquele ano.

Entre as coisas boas que aconteceram destaca-se ainda uma visível diminuição da polarização direita/esquerda que parece menos rancorosa. Claro que sempre haverá diferenças de opinião, e isto, além de natural, é desejável, mas o normal é que elas permaneçam em um nível civilizado.


Observou-se também uma vantagem da direita e do centro sobre a esquerda, mesmo que o PT atualmente esteja no comando político da nação. Também houve uma menor influência das lideranças do PL e do PT sobre os resultados dos candidatos e os caciques Lula e Bolsonaro estão influenciando pouco a escolha dos eleitores, o petista menos ainda, embora seja o Presidente da República.

Outro detalhe é a preferência dos eleitores pelos influenciadores digitais. Há pouco tempo os profissionais do rádio e da televisão tinham grande vantagem na disputa de votos, agora tudo indica que estão perdendo terreno para os astros das mídias sociais.

Mas houve um fato que marcou definitivamente esta eleição. Foi a tentativa fracassada de um candidato de São Paulo colar no adversário a pecha de drogado. Pablo Marçal planejou por muito tempo a divulgação de um laudo falso de internação do adversário, supostamente acometido de um surto psicótico por uso de cocaína.

Mas a coisa foi tão mal feita, contrariando a suposta inteligência do influenciador, que em poucas horas a farsa foi desmascarada e a vantagem eleitoral esperada transformou-se em perda de votos que custou a derrota do candidato.

Na gíria carioca tem o “Sperto” e o Otário, ou o Malandro e o Mané. Malandro: Refere-se ao ardiloso que sabe se virar bem em situações difíceis. Já Mané tem um sentido pejorativo. É usado para descrever alguém ingênuo, bobo ou facilmente enganado. Em resumo, enquanto o malandro é astuto e habilidoso, o Mané é ingênuo e despreparado.

O Pablo Marçal apresentando um laudo ridículo, totalmente desmascarado em poucas horas, quis ser esperto, mas foi otário ou, pretendendo ser Malandro passou por Mané.

Para ele aplica-se bem o ditado português: “a esperteza quando é muita, vira bicho e come o dono”. Entretanto, o influenciador só foi Mané na política; na vida real (internet) ele é o esperto e faz de otários os que pagam caro por suas receitas de riqueza fácil.

Tem ainda uma coisa, o bizarro influenciador viu que politicamente se passou por Otário e Mané e vai corrigir isto. Certamente voltará apoiado por seus milhões de seguidores da internet em 2026.

Não vai ser fácil segurar um inescrupuloso que domina com perfeição as redes sociais, tem afiadas técnicas de coach e autoajuda, além de eloquente discurso religioso.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.



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