Ano Pré-eleitoral As duas principais forças que vão disputar a presidência ainda serão o bolsonarismo e lulismo
Já estamos novamente em ano pré-eleitoral. Os partidos políticos, avidamente, se lançam à paquera (ainda usam esta palavra?) piscando aqui e acolá para possíveis parceiros e até mesmo para inimigos antes detestados.
Se politicamente na esquerda a coisa não está boa, também o outro lado não voa em “céu de brigadeiro”
Mas, as duas principais forças que vão disputar a presidência da república em 2026, serão mesmo o bolsonarismo e lulismo. A primeira turma defendendo a extrema-direita e a segunda, a esquerda radical.
Ambas estão em uma fase muito ruim. O governo Lula - em franca decadência – terminou o ano de 2024 em queda e com a proa apontando para baixo.
No segundo semestre, a coisa piorou com sinais de aumento da inflação, da valorização do dólar (27%,) da Bolsa de Valores que ficou 10% menor e do estouro dos juros. Também – e esta parece ser a principal causa do aparente fracasso – o estoque da dívida pública cresceu e com claro viés de alta. O conjunto desses dados têm o poder de recrudescer a inflação, que parecia dominada. Se ela ressuscitar, o plano Lula/26 morre.
Para piorar, criou-se uma expectativa sobre um projeto de contenção de despesas governamentais que, após idas e vindas, empurra e puxa, estica e encolhe, mostrou-se muito pior que o esperado. Não fosse um manjado chavão, eu diria que “a montanha, depois de muitas dores, pariu um rato”.
Para tentar – lá vai outro clichê – “tirar a bunda da seringa” o Lula inventou uma teoria da conspiração – nisso ele é bom – a de que o mercado, aqui apelidado de “Faria Lima”, estaria tramando contra o seu governo.
Seria o Lula tão ingênuo a ponto de pensar mesmo que o “mercado” se uniria para desacreditar o governo? Ele sabe, claro, que essa tal de “Faria Lima” citada insistentemente, representa um extenso e variado número de empresários de todos os setores, negociando entre si (comprando e vendendo ações, ouro, commodities, moedas etc) e sempre que um ganha o outro perde, e, portanto, se unirem com um fim único é impossível ou, – usando mais um bordão – seria “dar um tiro no próprio pé”.
Se politicamente na esquerda a coisa não está boa, também o outro lado não voa em “céu de brigadeiro” (outro lugar-comum). O Bolsonaro está inelegível e ainda responde a várias ações judiciais. Se conseguir anular a decisão do TSE, o que parece muito difícil, terá ainda que se livrar do STF e dos indiciamentos de participação em um golpe de estado.
Para substituí-lo (probabilidade que o ex-presidente não admite), desponta – como já demonstrou uma pesquisa de intenção de voto - o midiático Pablo Marçal.
Apareceu ainda, neste início de ano, autolançamento de uma pré-candidatura do sertanejo Gusttavo Lima. Em uma época em que os ex-BBBs são reconhecidos como personalidades nacionais, não é difícil qualquer influenciador, sertanejo ou funkeiro sem qualquer outro valor adicional, tornar-se Presidente da República.
Mas, abusando da paciência do leitor, uso o penúltimo estereótipo deste texto: “muita água ainda vai passar debaixo da ponte”. Normalmente fujo deles (dos chavões/clichês/bordões) “como o diabo foge da cruz”. (Ih, olha aí mais um lugar-comum).
Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.
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