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Internacional
Terça - 01 de Março de 2011 às 14:58

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Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas do Iêmen nesta terça-feira no que chamaram de "Dia de Fúria", pedindo o fim das três décadas de governo do ditador do país, Ali Abdullah Saleh, que acusou seu até agora aliado EUA e Israel de estarem por trás da revolta popular, que já deixou mais de 20 mortos.

Na capital iemenita, Sanaa, pessoas gritaram "Com sangue e alma, nós te apoiamos, Áden", em referência à cidade portuária onde a maioria ocorreu a maioria das 24 mortes de manifestantes antigoverno registradas nas últimas duas semanas.

Alguns manifestantes fizeram o sinal da vitória, enquanto outros usavam bandanas com a palavra "Saia" escrita em vermelho.

Milhares de pessoas também marcharam pelas ruas de Ibb e Taiz, ao sul de Sanaa.

"A vitória está vindo e está próxima", Hassan Zaid, um líder opositor, gritou aos manifestantes reunidos em Sanaa, onde dezenas estão acampados por mais de duas semanas.

"Temos um objetivo e uma demanda, que é o rápido fim do regime."

Saleh não conseguiu acabar com dois meses de protestos no país de 23 milhões de habitantes --40% deles vivem com menos de US$ 2 por dia e um terço é de pessoas desnutridas.

Confrontado com mais uma grande manifestação, o ditador acusou Washington de instigar os protestos contra seu regime. As alegações, sem precedentes, sinalizam uma crescente ruptura com Washington que pode afetar uma campanha conjunta contra o braço da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen.

Os comentários de Saleh, que incluem acusações de que a Embaixada dos EUA em Sanaa está dando instruções aos manifestantes, parecem ser parte de uma tentativa de silenciar os pedidos por sua renúncia.

"Vou revelar um segredo", afirmou o ditador em um discurso para cerca de 500 estudantes e acadêmicos na Universidade de Sanaa. "Há uma sala de operações em Tel Aviv com o objetivo de desestabilizar o mundo árabe. A sala de operações é em Tel Aviv e é comandada pela Casa Branca."

Ele disse que figuras da oposição se reúnem regularmente com o embaixador americano em Sanaa para coordenar os esforços.

"Infelizmente aquelas [figuras de oposição] estão sentando dia e noite com o embaixador americano onde entregam a ele relatórios e ele dá a eles instruções", alegou.

"Os americanos também conversam com funcionários do governo sobre isso [os protestos], mas eles dizem, "permita que essas pessoas protestem nas ruas". Dizemos que isso é uma agenda sionista."

Saleh acusou o presidente americano, Barack Obama, de se intrometer nos assuntos dos países árabes. "Por que ele está interferindo? Ele é o presidente dos EUA ou o presidente do mundo árabe?"

Em outro sinal de desafio, o ditador demitiu cinco dos 22 governadores provinciais, segundo um funcionário do governo. Três deles foram demitidos por terem feito críticas sobre a repressão de Saleh contra os manifestantes.

O ditador tem repetido que não irá renunciar antes das eleições presidenciais de 2013.

O grande comparecimento em marchar antigoverno desta terça-feira foi motivado, em parte, por uma decisão de importantes partidos de oposição de participarem dos protestos. Na semana passada, Saleh também foi abandonado pelos chefes de sua própria tribo.

Organizadores relataram que dezenas de milhares de pessoas participaram dos protestos em cinco localidades. Um total de oito manifestantes ficaram feridos em confrontos com a polícia nas cidades de Hudeidah e Sayoun.






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