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Internacional
Segunda - 28 de Fevereiro de 2011 às 17:28

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O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, escolheu o chefe da inteligência internacional da Líbia para conversar com os líderes do novo governo da região leste, que não está mais sob o controle do mandatário, segundo informou nesta segunda-feira a rede de TV árabe Al Jazeera.

A reportagem, que cita um dos correspondentes da emissora, nomeou o chefe dos serviços de inteligência internacional como Bouzaid Dordah.

Segundo a Al Jazeera, o líder líbio substituiu o número dois do serviço secreto, o coronel Abdullah Senussi --que comandava suas forças leais e foi afastado nesta segunda-feira do poder.

Senussi, casado com a irmão de Gaddafi, Safia, foi condenado à revelia à prisão perpétua por envolvimento na queda do avião da Pan Am na localidade escocesa de Lockerbie.

No entanto, a nomeação de um mediador para conversar com os rebeldes do leste da Líbia pode não surtir efeito, já que um porta-voz do recém-formado Conselho Nacional da Líbia, sediado na cidade de Benghazi e que se autointitula a cara da revolução, disse no domingo que não via espaços para negociar com Gaddafi.

A informação foi divulgada pela Al Jazeera no mesmo dia em que o comissário da União Europeia para Energia, Gunther Oettinger, afirmou que o ditador líbio perdeu o controle das maiores jazidas de gás e petróleo do país, que se encontram atualmente nas mãos de opositores.

"Há motivos para acreditar que maioria dos campos de petróleo e gás não mais estão sob controle de Gaddafi", declarou Oettinger, descartando a ideia de impor um bloqueio às exportações da Líbia porque as instalações estão agora nas mãos de grupos regionais contrários ao regime do ditador.

"Nós estaríamos punindo as pessoas erradas", explicou.

Os protestos populares anti-Gaddafi no país do norte da África gerou temores em mercados globais de petróleo, com a preocupação centrada na possibilidade de que a revolta possa se espalhar para membros da Opec (Organização dos Países Produtores de Petróleo), desencadeando uma grande crise de abastecimento que poderia impulsionar os preços e potencialmente minar os esforços de recuperação econômica.

Nesta segunda-feira, o porto de Tobruk, no leste da Líbia, foi reaberto. "O terminal [em Tobruk] está trabalhando a 100%", afirmou Rajab Sahnoun, um funcionário da Arabian Gulf Oil Co., que é baseada na cidade do leste de Benghazi, à agência de notícias Associated Press.

Segundo ele, um petroleiro --que tem como destino a China-- estava sendo abastecido no porto de Marsa al Harigh com uma capacidade de 1 milhão de barris.

Um outro petroleiro italiano estava na espera com a expectativa de ser abastecido nos próximos dias.

Sahnoun também afirmou que ao menos dois dos principais campos de petróleo do leste, Sarir e Misla, ainda estão produzindo, apesar de ser com uma capacidade reduzida, sem saber informar de quanto é essa redução.

Outro funcionário da companhia, Ali Faraj, que trabalha na sala de operações de emergência, disse que a produção de cerca de 220 mil barris por dia foi pouco afetada.

"Uma queda de 5.000 ou 6.000 barris por dia, na nossa experiência, não é uma queda, realmente."

A Líbia produz cerca de 1,6 milhão de barris de petróleo do tipo crude por dia, e cerca de 85% de suas exportações são para a Europa.

SANÇÕES

Nesta segunda-feira, a União Europeia aprovou sanções unilaterais contra Muammar Gaddafi, incluindo embargo de armas, congelamento de seus bens e proibição de viajar aos países do bloco.

A decisão foi tomada pelos embaixadores europeus que se reuniram para discutir a crise na nação africana. Apesar do avanço da oposição, que já controla a parte leste do país, Gaddafi se recusa a deixar o poder e atribuiu os protestos à rede terrorista Al Qaeda.

As sanções serão válidas também para 25 familiares e nomes ligados ao regime Gaddafi. O embargo de vendas inclui não apenas armas como equipamento, como gás lacrimogêneo e escudos antidistúrbios, que possa ser usado para repressão dos manifestantes.

Todas as sanções devem entrar em vigor nos próximos dias, assim que forem publicadas no diário oficial da União Europeia.

Elas complementam as medidas aprovadas no último sábado (26) pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). As sanções foram aprovadas por unanimidade pelos 15 membros do Conselho e incluem Gaddafi, seus familiares e integrantes de seu círculo político. Essas sanções incluem a proibição das viagens de Gaddafi e o congelamento de seus bens.

A resolução da ONU também pede que a repressão aos manifestantes seja levada à Corte Internacional de Haia, para posterior investigações de quaisquer responsáveis pela morte de civis.

A decisão ocorre na sequência de medidas semelhantes já adotadas pelos EUA. O presidente Barack Obama assinou uma ordem executiva para congelar todos os ativos de Gaddafi, sua família e membros de seu regime.






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