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Ciência/Pesquisa
Terça - 08 de Fevereiro de 2011 às 14:24

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Cientistas russos adiaram para dezembro a busca pela água mais pura e antiga do planeta no lago Vostok, situado abaixo do gelo da Antártida. A informação é do chefe da expedição, Valeri Liukin, à agência de notícias Efe.

"Não tivemos tempo de chegar ao lago antes que a temperatura do gelo antártico começasse a cair", assinalou Liukin, que é subdiretor do Instituto de Pesquisas Árticas e Antárticas, com sede em São Petersburgo.

Liukin explicou que outro motivo da suspensão dos trabalhos de perfuração da expedição russa é que não se sabe a profundidade que o lago se encontra.

"Ninguém sabe com exatidão sua profundidade. Calculamos por método sísmico e por radiolocalização e detectamos uns 3.750 metros", disse, "mas há uma margem de erro de 20 metros, por isso poderiam ser 3.730 ou 3.770".

Segundo o cientista, outro fator que causou o adiamento foi a diminuição do ritmo de perfuração dos quatro metros por dia previstos para 1,6 --apesar de terem sido perfurados uma média de 2,43 metros diários no último mês.

"Devido à alta pressão e à queda das temperaturas, se formaram cristais de gelo que obstruíam o avanço da perfuradora, o que nos obrigou a suspender a expedição até o final do ano", explicou.

No entanto, Liukin não acredita que isto seja um "grave problema" e se mostrou confiante de que os cientistas conseguirão alcançar a superfície do Vostok --lago que ficou vedado durante milhões de anos-- no final deste ano ou no início de 2012.

"Provavelmente trata-se de água mais pura e antiga do planeta. Não temos provas concretas, mas dados de que a superfície é estéril, embora no fundo do lago deve haver formas de vida como termófilos e extremófilos (microorganismos que vivem em condições extremas)", comentou.

Segundo Liukin, os resultados da prospecção do lago antártico serão fundamentais para o estudo da mudança climática na Terra durante os próximos séculos, já que o Vostok é uma espécie de termostato que se manteve isolado do resto da atmosfera e da superfície da biosfera durante milhões de anos.

Além disso, ressaltou que os expedicionários têm certeza de que o Vostok abriga água desde quando atingiram a profundidade de 3.583 metros, já que a partir daí o gelo se forma não a partir da neve, mas da evaporação de água.

Com cerca de 300 quilômetros de comprimento, 50 de largura e quase mil metros de profundidade em algumas áreas, o Vostok é uma massa de água doce em estado líquido que se encontra no epicentro do sexto continente, como é conhecida a Antártida.

Com uma superfície de 15.690 quilômetros quadrados, similar à do Baical, a maior reserva de água doce do mundo, é o mais extenso lago subterrâneo entre os mais de cem que se encontram sob o gelo antártico.

Descoberto em 1957 por cientistas soviéticos, foi incluído na lista dos achados geográficos mais importantes do século 20.





Fonte: Da EFE

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