PT e PMDB disputam presidências das comissões do Senado

Depois de disputar espaço por cargos no governo federal, PT e PMDB protagonizam agora um embate no Senado pela divisão das presidências das comissões permanentes da Casa.

O PMDB quer mudar a regra de distribuição dos comandos das comissões, para que sejam divididas de acordo com o tamanho de cada partido --e não mais pelo tamanho das bancadas, como é tradição da Casa. 

Com a mudança, o PT perde o comando de uma das comissões e o PMDB amplia seu espaço, por ser o partido com o maior número de senadores eleitos.

A manobra também garante à oposição a escolha da terceira comissão mais importante da Casa --o que foi interpretado por alguns petistas como um "afago" do PMDB aos tucanos num sinal de alerta para o governo no Senado.

Irritados, os petistas afirmaram que não vão aceitar a mudança. "O que garante a convivência dos partidos no Senado é a estabilidade das regras. Não tem que inventar a roda. Existe uma regra de tradição que vem sendo cumprida", disse o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Nos bastidores, os petistas pensam em retaliar a candidatura de José Sarney (PMDB-AP) à Presidência do Senado se o PMDB insistir na mudança da regra.

Oficialmente, porém, o partido diz que vai buscar o diálogo com o líder peemedebista, Renan Calheiros (AL), para evitar um racha maior na Casa. Calheiros foi o emissário da proposta de mudança ao PT.

"É um problema simples de se resolver, o PMDB não vai quere criar uma crise que ainda não existe", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Com direito à primeira escolha, mesmo se não houver mudança na regra, o PMDB vai indicar o senador eleito Eunício Oliveira (CE) para presidir a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

O PT, que tem a segunda escolha, vai optar pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) --e espera ficar também com o comando da Comissão de Infraestrutura, pleiteada pelo senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ).

Se houver mudança na regra, como defende o PMDB, o PSDB passa a ter direito à terceira escolha. Sem a alteração, o bloco do PMDB terá direito a escolher a terceira comissão mais importante da Casa.