Governo pode bloquear R$ 40 bi do Orçamento
O bloqueio de recursos do Orçamento da União este ano poderá chegar a R$ 40 bilhões. Avaliação da equipe econômica indica que o corte nos gastos terá de superar o montante de 2010, quando foi de R$ 30 bilhões.
A palavra final caberá à presidente Dilma, mas ela já autorizou um "corte efetivo" de despesas. Isso significa que o valor a ser anunciado ficará retido até o final de 2011, diferentemente de anos anteriores, quando parte das verbas acabou liberada.
O freio nas despesas públicas é a aposta do governo para convencer o mercado financeiro da disposição de controlar as contas públicas depois de um ano pautado por elevação dos gastos.
Inicialmente, o Ministério da Fazenda avaliou que um corte semelhante ao de 2010 seria suficiente, mas os últimos cálculos indicaram que R$ 30 bilhões são "pouco".
Segundo a Folha apurou, o montante do corte pode chegar aos R$ 40 bilhões principalmente por conta das receitas extras criadas pelo Congresso na aprovação do Orçamento, que ficaram na casa de R$ 23 bilhões.
O ajuste fiscal em estudo pela equipe de Dilma é o principal instrumento para atacar os dois principais desafios econômicos impostos ao novo governo: a valorização excessiva do real e a elevação da inflação.
O corte representaria mais de 60% de todo investimento previsto no Orçamento da União e pode garantir o cumprimento da meta de superavit primário de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto).
Na sua primeira entrevista como ministro do governo Dilma Rousseff, Guido Mantega (Fazenda) não quis se comprometer com valores, mas enfatizou que o bloqueio ajudará na questão cambial.
"Garanto que haverá ação fiscal forte em 2011 e isso também ajudará o câmbio no médio prazo", afirmou.
Segundo ele, "a demanda estatal menor vai abrir espaço para que futuramente os juros possam cair".
Além disso, o gastos públicos em excesso estimulam o consumo num momento delicado para inflação. Em 2010, a economia irá crescer em torno de 7%, o que cria um ambiente favorável a novos reajustes de preços. Este ano, o governo trabalha com um crescimento de 4,5%.
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