Governador reeleito toma posse e alerta sobre intolerância à falhas dos secretários, além de planejar erradicação da pobreza em Mato Grosso
Silval avisa que não vai admitir erros

O governador Silval Barbosa (PMDB) tomou posse prometendo tirar mais de 300 mil mato-grossenses da linha da pobreza no novo mandato e, como primeiro ato, ele decretou superpoderes ao vice-governador Chico Daltro (PP), que passa a responder por várias autarquias estaduais. Também avisou que não admitirá erros do staff, já que prevê muitas cobranças por ter aceito várias indicações de partidos aliados.

Silval foi empossado no (1) sábado em duas cerimônias: uma na Assembleia Legislativa, que ocorreu entre 9h e 10h, e outra realizada logo em seguida no Centro de Eventos do Pantanal, que se estendeu até às 13h. A festa foi marcada pela emoção, já que o governador estava acompanhado o tempo todo por familiares e antigos aliados que o seguem desde quando foi eleito em 1996 prefeito de Matupá (a 695 km de Cuiabá). Representantes de todos os partidos do Estado também compareceram, inclusive do DEM, que tem se aproximado da base governista nos últimos dias.

Na Assembleia, onde chegou acompanhado pela primeira-dama Roseli Barbosa, Silval entregou cópia da declaração de bens e do diploma de governador reeleito. Também assinou um termo de compromisso no qual diz que respeitará as leis e defenderá o interesse público em primeiro lugar. O mesmo fez o vice Chico Daltro antes de ambos serem declarados empossados oficialmente.

Aos deputados estaduais, Silval disse que pretende respeitar os parlamentares e manter a tranquilidade na relação, principalmente na futura indicação do líder do governo no Legislativo, que só ocorrerá após a eleição da nova Mesa Diretora da Casa. Ele praticamente não vai enfrentar oposição, já que apenas Percival Muniz (PPS) descarta aderir de imediato à base governista.

Já no Centro de Eventos, Silval passou em revista a tropa da Polícia Militar, concedeu a primeira entrevista coletiva como governador reconduzido ao cargo e empossou o novo secretariado. Tudo isso ocorreu após receber do presidente da Assembleia, deputado Mauro Savi (PR), a faixa de governador perante uma plateia de aproximadamente 3 mil pessoas.

A novidade no staff ficou por conta da posse do vereador por Cuiabá Francisco Vuolo (PR) como secretário extraordinário de Acompanhamento da Logística Intermodal de Transportes. A pasta foi criada no fim da tarde do dia 31 para acomodar politicamente o parlamentar que foi um dos coordenadores da campanha de Silval à reeleição e tem como principal bandeira a chegada da ferrovia na Capital.

Promessa - Em relação à promessa de tirar pessoas da linha da pobreza até 2014, Silval alega que o ex-governador e senador eleito, Blairo Maggi (PR), já conseguiu beneficiar 240 mil pessoas desde 2003, segundo dados do Ipea. "Quero chegar ao fim desse novo mandato, olhar para trás e dizer que valeu a pena. Só vou poder fazer isso se conseguirmos tirar também essas 300 mil pessoas dessa situação difícil que ainda vivem", afirmou o governador.

Em 2002, Mato Grosso contava com 667 mil pessoas na linha da pobreza, que representa aquelas famílias que têm renda domiciliar inferior a 1 dólar por dia. Se o governador atingir a meta anunciada na posse, ele praticamente vai excluir o Estado da lista de pessoas que se encaixam nesse perfil e representam 7,5 milhões de brasileiros. A meta do governo federal é acabar com esse triste dado até 2015.

Super poderes - O primeiro ato que Silval tomou ao ser empossado foi assinar o decreto 01/2011. Em 3 artigos, ele amplia os poderes do vice Chico Daltro, que passa a responder pela articulação política de gestão internacional, pela coordenação e viabilização de projetos estratégicos, de política de telecomunicação, da Defesa Civil, de política indigenista e vincula à vice-governadoria autarquias como a Agência Reguladora de Serviços Públicos (Ager), Centro de Processamento de Dados (Cepromat), MT Fomento e o escritório de representação de Mato Grosso em Brasília.

As mudanças passam a valer a partir do dia 3 com publicação do decreto no Diário Oficial do Estado. "Esse decreto representa um marco para a vice-governadoria, mas não quero que o companheiro Chico Daltro fique preso a um ato oficial. Ele vai ter condições de atuar de forma ativa. Por isso, quero inseri-lo em todas as secretarias", completou Silval.

Staff - Além de assinar o decreto, Silval anunciou para às 9h dessa segunda-feira (3) a primeira reunião com os 24 secretários de Estado. Eles foram empossados nesse sábado. "Queremos ouvir sugestões, anunciar que vamos cobrar metas e não aceitaremos erros".

O secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, afirma que a reunião vai servir também para unificar o discurso do staff. "Vai ser o primeiro encontro do governador reeleito, onde ele vai poder mostrar qual o tom da administração, sempre levando em conta que o interesse público deve estar em primeiro lugar".

Ao falar do staff, Silval reconheceu a forte a presença das indicações políticas. Disse, porém, que conseguiu conciliar a característica e o perfil técnico. "As pessoas e a imprensa sempre se mostram preocupadas com essas indicações de partidos, mas estou tranquilo. O que não vamos aceitar são erros, pois a cobrança vai existir por parte da sociedade. Todos estão cientes disso. Além do mais, o perfil político será bom na busca por parcerias".

DEM - O governador admitiu que espera para os próximos dias respaldo da direção do DEM para que o deputado José Domingos assuma a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar. Por tempo indeterminado, a pasta vai ser conduzida por Jilson Francisco (PR), mas essa situação não deve se estender além de fevereiro, segundo cálculos do Palácio Paiaguás.

Família - Silval chegou a se emocionar várias vezes ao ser empossado. A primeira-dama e secretária de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social, Roseli Barbosa, alegou que toda família está do mesmo jeito, inclusive os pais do governador (Antônio Cunha Barbosa e Joana Barbosa), que acompanharam as solenidades de posse. "A gente chegou aqui há mais de 30 anos só com a esperança na bagagem. Não podíamos imaginar que iríamos tomar decisões importantes no destino da vida de 3 milhões de mato-grossenses", afirmou ela.