Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sábado - 01 de Janeiro de 2011 às 10:31
Por: Luciana Cobucci

    Imprimir


Luciana Cobucci/Especial para Terra
Agnelo Queiroz (PT) venceu a eleição para governador do Distrito Federal no 2º turno
Agnelo Queiroz (PT) venceu a eleição para governador do Distrito Federal no 2º turno

Eleito governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) foi empossado às 11h deste sábado na Câmara Legislativa do DF. A cerimônia também contou com o vice Tadeu Filippelli do PMDB e foi marcada pelo atraso de uma hora.

Agnelo e Tadeu foram empossados pelo deputado Patrício (PT) - o único membro reeleito da mesa diretora da Câmara. Durante a cerimônia, estiveram presentes os 24 deputados distritais que também assumiram seus cargos nesta manhã.

Saindo da Câmara Legislativa, Agnelo segue para o Palácio do Buriti, sede do executivo local, para receber a faixa do atual governador Rogério Russo (PMDB)

O médico Agnelo Queiroz assume como novo governador do Distrito Federal após se eleger em segundo turno com 66,10% da preferência de votos (875.612), contra 33,90% (449.110 votos) da adversária Weslian Roriz (PSC), mulher de Joaquim Roriz, que assumiu após a candidatura dele ser impugnada. O vice é o deputado Tadeu Filippelli, do PMDB, ex-integrante do governo de Roriz. O candidato da coligação "Novo Caminho" representou, além do PT o PRB, PDT, PTB, PMDB, PPS, PHS, PTC, PSB, PRP e PC do B.

A disputa no Distrito Federal foi tumultuada devido à troca dos candidatos do PSC a troca do candidato e, durante todo o segundo turno, Agnelo liderou as pesquisas, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estrela da campanha foi a adversária, que cometeu uma série de gafes que denotaram seu despreparo. Entre elas, chamou o adversário de "nosso candidato" e, na sequência, de "governador", ao dirigir uma pergunta ao petista. Ainda no primeiro turno, declarou em um debate a intenção de "defender toda aquela corrupção" ao falar sobre o suposto esquema do "mensalão" do DEM que teria vigorado na Câmara Distrital. Weslian queria dizer exatamente o contrário.

A mulher de Roriz ingressou na disputa do Distrito Federal depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a um impasse sobre a candidatura de Joaquim Roriz com base na Lei da Ficha Limpa. Roriz renunciou e lançou, um pouco mais de uma semana antes da votação do primeiro turno, a candidatura da mulher, que nunca havia disputado um cargo público.

O governador eleito nasceu na cidade de em Itapetinga, na Bahia, em 1958, e se mudou para o distrito Federal após se formar em medicina. Agnelo, ex-PC do B, é filiado ao PT desde 2008, sendo a primeira vez que disputa um governo do Distrito Federal. Ele já havia sido deputado distrital por três mandatos (1990-1994,1994-1998, 1998-2000) e ministro do Esporte do governo Lula, em 2003, cargo do qual se desligou em 2006 para disputar o Senado, mas não se elegeu. Em 2007, foi diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

A campanha do segundo turno foi um verdadeiro duelo de promessas. Weslian faltou à maioria dos debates promovidos no segundo turno. Entre as propostas do petista, integrar o sistema de transporte público da cidade, implantando o sistema de bilhete único na capital federal.

Agnelo Queiroz vai herdar problemas de abandono em vários setores do Distrito Federal. Desde a prisão do ex-governador José Roberto Arruda, em fevereiro de 2010, o DF teve dois governadores e sofreu uma ameaça de intervenção federal devido à instabilidade do Executivo local.

Relembre o caso
Em novembro de 2009, a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora, que investigava um suposto esquema de propina envolvendo membros do poder Executivo local. A PF flagrou Arruda, em escutas telefônicas, orientando o então secretário de Relações Institucionais do governo do DF, Durval Barbosa, sobre o pagamento de propina a aliados. O esquema ficou conhecido como "mensalão do DEM", em referência ao partido do governador na época.

Durval Barbosa gravou, por meio de câmeras escondidas em seu gabinete, o então presidente da Câmara do DF, Leonardo Prudente, guardando suposto dinheiro de propina nas meias. As gravações também mostram Arruda recebendo um maço de notas com R$ 50 mil. Aliados disseram que o dinheiro seria usado na compra de panetones para distribuição no Natal. Em outro vídeo, o ex-deputado Junior Brunelli aparece rezando com Prudente e Barbosa em agradecimento ao dinheiro recebido.

As denúncias levaram à prisão e afastamento de Arruda do cargo, pela acusação de atrapalhar as investigações ao ser flagrado, em vídeo, subornando uma testemunha do caso, o jornalista Edson Sombra. Arruda ficou preso por dois meses em uma sala isolada na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Após a prisão de Arruda, o então vice-governador Paulo Octávio assumiu o mandato, mas renunciou dias depois. O presidente da Câmara Legislativa à época, Wilson Lima, foi designado governador interino do DF e ficou no cargo por dois meses.

Em abril de 2010, a Câmara Legislativa elegeu o advogado Rogério Rosso (PMDB), servidor público local há 10 anos, para exercer um mandato tampão até as eleições seguintes, em outubro. A ex-administradora de Brasília, a arquiteta Ivelise Longhi, foi eleita vice-governadora. Ao ser eleito, Rosso prometeu uma gestão transparente e a continuidade de obras e serviços que estavam sendo executados à época, como duplicação de rodovias, além da redução dos cargos comissionados e de gastos com a máquina pública.

Nas eleições de outubro, Rosso apoiou publicamente a candidatura de Weslian Roriz. Isso causou uma rachadura no frágil governo. A vice-governadora, Ivelise Longhi, saiu em defesa do governador eleito, Agnelo Queiroz.

Ao final do curto governo Rosso, Brasília enfrentou greve dos funcionários da empresa responsável pela limpeza da cidade - o que até hoje causa acúmulo de sacos de lixo e sujeira em toda a capital - e dos trabalhadores da Novacap, responsáveis pela urbanização da cidade. Com isso, os cidadãos estão tendo que conviver com o mato alto e encarar uma cidade com ar de desleixo.

Além disso, por opção de Rosso, os brasilienses não puderam apreciar a tradicional decoração de Natal. Em 2010, Brasília contou apenas com a iluminação paga pelo governo federal - no Congresso Nacional, nos ministérios e na Torre de TV, além de prédios públicos como o da Caixa Econômica Federal.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/106255/visualizar/