Tucano sabia de compra de voto, diz índio
O líder indígena que afirmou ter recebido a promessa de R$ 120 mil para entregar votos em favor do governador reeleito de Roraima, José de Anchieta Jr. (PSDB), disse na sexta-feira (17) que o tucano foi informado da negociação.
Segundo José Newton Simão de Lima, da comunidade Boca da Mata, o procurador-geral do Estado, Francisco das Chagas Batista, disse que conversaria com Anchieta Jr. sobre o valor pedido.
"[Ao final do encontro], ele falou que ia conversar com o governador Anchieta [sobre] as propostas e o apoio a ele, e que esse dinheiro seria para fazer [com] que todo o povo no interior votasse no 45 [número do PSDB]", disse ele em nova entrevista à Folha.
Por telefone, anteontem, Lima havia afirmado que a negociação com Batista tinha como objetivo "trabalhar na campanha", "apoio" e "compra de voto" em 22 comunidades da região.
O teor da conversa entre os dois foi publicado pela Folha na quinta-feira, assim como outros dois diálogos que também indicam a tentativa de compra de votos por pessoas próximas a Anchieta Jr..
Além de Batista, aparecem Janser Teixeira e Shéridan Anchieta -irmão e mulher do governador.
Segundo o índio, da etnia macuxi, o negócio não prosperou porque a campanha achou o valor alto demais.
Ao final, afirmou Lima, o motorista do procurador-geral tentou diminuir a oferta para cerca de R$ 15 mil.
O negócio teria sido definitivamente abortado quando integrantes da campanha de Anchieta o viram em companhia de policiais federais.
Lima sustenta que toda a tentativa de compra de votos foi acompanhada pela PF, que por sua vez nega ter investigação sobre o caso.
Ontem, o Ministério Público Eleitoral informou que pedirá à PF a abertura de inquérito para apurar os áudios revelados pela Folha.
Anchieta e Batista negam ter comprado ou autorizado a compra de votos.
Em nova versão divulgada ontem, a assessoria do governo disse que Lima é assessor da deputada estadual Marília Pinto (PSB), vice na chapa do segundo colocado para governador, o pepista Neudo Campos.
CESTAS
Os advogados de Neudo negaram ontem que sua campanha tenha oferecido cestas básicas em troca de votos, como afirma a Procuradoria Eleitoral.
O ex-governador diz que voluntários que trabalharam em sua equipe usaram indevidamente crachás e folhetos que o associaram a um flagrante feito pela PF.
Segundo a defesa do pepista, os denunciantes não apresentaram provas e testemunhas em audiência, e o processo será julgado pelo TRE, após manifestação do Ministério Público.
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