Em encontro no Rio, Silvio de Abreu relembra censura à novela
No encontro do circuito "A História da Telenovela comemora os 60 anos da TV brasileira" na tarde desta terça-feira no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio, o escritor Silvio de Abreu relembrou a censura nos anos da ditadura.
Em "Guerra dos Sexos", o autor precisava ir quase toda semana para Brasília explicar as cenas e os personagens aos censores.
A personagem da atriz Maite Proença, por exemplo, namorava um homem casado. A censura dizia que adultério era proibido.
"Sem adultério como quer que a gente faça novela?", perguntou o autor à época.
Em "Vereda Tropical", só o primeiro capítulo teve 32 cortes. Numa reunião em Brasília na manhã de estreia da novela, os censores implicaram com a cena em que Lucélia Santos dava à luz num cais e berrava de dor. Silvio resolveu tirando o som da cena bruta e colocando um música bonita ao fundo.
A mãe interpretada por Geórgia Gomide não podia sentar de pernas abertas. Na cena em que um personagem mostrava o muque ameaçando outro, os militares enxergaram uma banana, o que não era permitido.
"Começou uma discussão surreal sobre se era muque ou banana, que só foi resolvida passando a cena quadro a quadro", disse Abreu.
Na saída da reunião, contou o escritor, uma censora baixinha e gordinha se aproximou e disse: "O senhor fez uma novela tão boa [Guerra dos Sexos] e agora vai fazer uma novela de pobre. Gente pobre é muito feia, deseduca o povo."
Onofre Veras/AgNews | ||
Silvio de Abreu no ciclo "História da Telenovela" no CCBB, no Rio |
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