A aprovação do mecanismo de preservação de florestas conhecido pela sigla REDD (redução de emissões por desmatamento e degradação) é uma das decisões tomadas neste sábado ao final da reunião da ONU sobre o clima, em Cancún, que pode beneficiar diretamente o Brasil.
O país já tem aprovada uma estratégia nacional e pode largar na frente no acesso a verbas - quando elas forem disponibilizadas - para ações de REDD.
O sistema foi aprovado com pré-requisitos, chamados de salvaguardas, que visam a garantir que os projetos de REDD elegíveis no âmbito das Nações Unidas respeitem os direitos de povos indígenas e comunidades locais e a biodiversidade.
Apesar da inclusão no acordo, o mecanismo de REDD só poderá ser operacionalizado no ano que vem, depois que os signatários da convenção das Nações Unidas sobre mudanças do clima decidirem de onde devem sair os fundos para os projetos.
Existe uma divisão entre blocos de países. Alguns preferem que REDD seja totalmente mantido com fundos públicos, enquanto outros querem que o dinheiro, ou pelo menos parte dele, seja pago por mercados de crédito de carbono.
Ações sul-sul
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o Brasil também deve ajudar vizinhos a construir as suas estratégias nacionais de REDD em ações conhecidas como "sul-sul".
"Se a gente fizer uma coisa bem feita, realmente converge biodiversidade com clima. É uma coisa super interessante que, no desenho de REDD, você vê claramente", disse Teixeira. O desmatamento é responsável por quase 20% das emissões mundiais de CO2. Por isso, o esquema de proteção de florestas é uma esperança de cortes rápidos no futuro próximo.
A organização não-governamental Conservação Internacional considerou o acordo de Cancún "histórico".
"Será uma virada, já que os países encararam os desafios que ameaçam a Terra, protegendo florestas e a riqueza dos serviços prestados por ecossistemas", afirmou Fred Boltz, líder da CI para mudança climática.
O Brasil e outros países latino-americanos também devem se beneficiar do fundo para adaptação e mitigação que até 2020 deverá liberar Us$ 100 bilhões por ano, mas deve começar com US$ 30 bilhões anuais.
A diplomacia brasileira também saiu fortalecida do encontro.
A participação do Brasil na resolução do principal conflito em Cancún - a recusa do Japão a se comprometer ao segundo período do Protocolo de Kyoto, a partir de 2012 - também rendeu elogios na plenária mexicana.
Nos últimos dias das negociações em Cancún, a importância da equipe brasileira pode ser medida também pelo assédio da imprensa estrangeira aos negociadores.
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