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Saúde
Terça - 07 de Dezembro de 2010 às 13:37

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Um vírus da mesma família do HIV está sendo negligenciado no Brasil, segundo o alerta feito na unidade de Farmanguinhos por pesquisadores da Fiocruz.

A estimativa é que dois milhões de brasileiros vivam com o HTLV (vírus linfotrópico para células T humanas) -o maior contingente do mundo. Até 5% dessas pessoas desenvolvem complicações como leucemia, paralisia ou inflamações oculares.

"É preocupante, porque são problemas altamente incapacitantes, que provocam grande sofrimento", diz Bernardo Galvão, pesquisador da Fiocruz e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Ele chefiou a equipe que isolou o HIV pela primeira vez no Brasil.

Galvão diz que, apesar de ter sido descoberto em 1980, três anos antes do vírus da Aids, o HTLV não recebeu os mesmos investimentos em prevenção, diagnóstico e tratamento. "É uma doença extremamente negligenciada."

Para ele, o desinteresse está ligado à falta de perspectiva de retorno financeiro, já que o vírus não é comum na Europa e nos EUA.

A maioria dos infectados está no Brasil, na África subsaariana, no Caribe, no Irã e no Japão. A prevalência é maior entre os mais pobres, em especial mulheres.

A transmissão é igual à do HIV. Ocorre por via sexual, pelo sangue, e de mãe para filho. Uma vez no corpo, ataca as mesmas células do sistema imunológico que o HIV.

Em alguns casos, pode levar à proliferação descontrolada dos linfócitos, causando leucemia. Em outros, chega ao sistema nervoso central. Variados, os sintomas podem demorar a aparecer.

PARALISIA

O chefe do laboratório de neuroinfecções do Ipec (Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas), Abelardo Barbosa, diz que é comum o paciente apresentar fraqueza nas pernas, que pode evoluir para paralisia. Outras vezes, é uma inflamação nos olhos ou a impotência que leva a pessoa ao médico.

O tratamento é paliativo e varia de acordo com as complicações apresentadas.

Faltam estudos clínicos que indiquem se antirretrovirais hoje usados por pacientes com HIV podem ser úteis para controlar a doença.

Outra lacuna, segundo o gerente do programa de reativos de Bio-Manguinhos, Antônio Ferreira, é a falta de investimento em diagnóstico. Hoje, são poucos os lugares que realizam o teste para detectar o vírus no pré-natal. Nos bancos de sangue, o procedimento é rotina.

O teste disponível no SUS, porém, precisa ser confirmado. "Essa confirmação custa R$ 250 e o SUS não banca", diz Ferreira. Ele ressalta que, se houvesse financiamento, Bio-Manguinhos teria capacidade de desenvolver uma versão nacional do produto.






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