Às mães e pais atípicos do serviço público
No dia 02 de abril tivemos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, oficializado pelas Nações Unidas, como o dia a ser lembrado pela sociedade, órgãos governamentais e profissionais da saúde, em relação às pessoas autistas, no entanto, todo o mês de abril está com essa agenda, sendo o “Abril Azul”.
Muito se fala atualmente sobre o Transtorno do Espectro Autista – TEA devido principalmente, ao aumento significativo no número do diagnóstico, que atualmente foi registrado como 01 a cada 36 pessoas nos EUA, e possivelmente, na mesma proporção no Brasil. Ou seja, quem ainda não conhece (ou convive com uma pessoa autista), certamente conhecerá em breve, e possivelmente dentro do próprio círculo familiar.
Particularmente, creio que o aumento do diagnóstico do TEA não é somente pelo fato dos profissionais da saúde terem estudado para detectá-lo, mas porque realmente existe um aumento dos casos. Várias pesquisas científicas caminham no intuito de explicar o fenômeno, onde levantam hipóteses sobre causas genéticas, deficiência de vitamina D, pais em idades mais tardias, uso de agrotóxicos agressivos, dentre outros. Pode ser tudo isso junto!
O fato é que a sociedade (através do sistema de saúde e educação), precisa se adaptar às pessoas neuroatípicas, pois com tratamento precoce todos podem se desenvolver a ponto de serem autônomos e terem uma qualidade de vida como as pessoas neurotípicas. No sistema de saúde, a possibilidade de diagnóstico deveria partir da observação do médico(a) pediatra, e no sistema educacional, por parte da creche, mas nosso país ainda está muito distante disso, fazendo com que as crianças percam um tempo precioso de intervenção com aprendizado real, por causa de um diagnóstico tardio.
No ano de 2023 o Ministério da Saúde incluiu o TEA na Política Nacional da Pessoa com Deficiência, e após um post infeliz, esclareceu nos últimos dias que haverá esforço para se obter o diagnóstico precoce (antes dos 02 anos), mas enquanto isso, milhares de crianças crescem sem o devido tratamento, podendo se tornar adultos dependentes e sem colocação no mercado de trabalho.
Como mãe atípica sei da luta que é para se obter tratamento adequado através de um plano de saúde, então imaginem na rede pública de saúde!
Como presidente da Associação dos Servidores do Detran-MT, desejo força, resiliência, sabedoria e rede de apoio a todos nós, pais e mães atípicas do serviço público, que nos desdobramos todos os dias em busca de tratamento adequado a nossos filhos, vida social, familiar e trabalho, muito trabalho.
Veneranda Acosta: economista, mãe atípica e presidente da ASDETRAN-MT.
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