Padre do Complexo do Alemão diz que teve capela revirada por policiais

Um padre católico do Complexo do Alemão formalizou na tarde desta terça-feira uma denúncia de excesso de policiais em um posto de atendimento instalado na entrada do conjunto de favelas pela Defensoria Pública do Rio.

Barnabé da Cunha, pároco da igreja Nossa Senhora de Guadalupe, afirma que um grupo de policiais de farda preta revistou uma das capelas da igreja nesta terça-feira, à procura de drogas e armas. Segundo o religioso, a capela São José teve portas quebradas e móveis revirados. Tanto a paróquia quanto a capela ficam dentro do conjunto de favelas da zona norte.

O padre acompanhou Ivanilda da Silva, uma fiel da igreja, ao posto da defensoria --instalado hoje na avenida Itararé com a rua Joaquim de Queirós. A mulher afirma ter sido maltratada pelos policiais durante a abordagem. Eles não souberam dizer à que corporação os policiais pertenciam.

Ela contou ao defensor público Denis Sampaio que os policiais a chamaram de traficante e afirmaram que ela estaria escondendo drogas na capela. Quando ela respondeu "Meu testemunho está no sacrário [local onde se guarda a hóstia]", teve um balde d"água jogado sobre ela e ouviu mais insultos.

"Foi muita humilhação para mim", disse a fiel. O defensor Sampaio afirmou que vai encaminhar a denúncia para investigação.

O posto da Defensoria Pública já efetuou cerca de 20 atendimentos nesta terça-feira, a maioria de pessoas buscando orientação sobre a perda de documentos. Ele funciona no horário comercial, tem previsão de ficar no local ao menos por uma semana.

Ontem, o comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, disse que os moradores do Complexo do Alemão que tivessem reclamações poderiam procurar a ouvidoria do 16º Batalhão, em Olaria. O objetivo da ouvidoria é agilizar as apurações de eventuais transgressões, segundo a PM, que informou que preservará a identidade dos denunciantes.