Jobim nega ter dito que ministro "odeia os EUA"
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, ligou ontem para o secretário Samuel Pinheiro Guimarães (Assuntos Estratégicos) para negar que tenha dito que ele "odeia os Estados Unidos" --conforme foi relatado pelo embaixador dos EUA no Brasil em um dos telegramas vazados pelo site Wikileaks.org.
Ao norte-americano, que chefiou a embaixada americana em Brasília de 2006 a 2009, Jobim teria descrito Guimarães como um inimigo dos EUA.
A revelação veio à tona nesta terça-feira (30), em reportagem publicada na Folha sobre telegramas confidenciais da diplomacia americana --inclinada a ver o Itamaraty como adversário nas relações bilaterais.
"Jobim disse que Guimarães odeia os EUA e trabalha para criar problemas na relação", afirmou Sobel em relato divulgado pelo site da ONG Wikileaks e obtido com exclusividade pela Folha.
O ministro da Defesa enviou um comunicado à imprensa para negar a informação.
Segundo a nota, ele já teria esclarecido a Guimarães que a conversa com Sobel existiu, mas em outros termos: teria tratado-o "com respeito" e classificado Guimarães como "um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil".
Jobim chamou Guimarães de "meu amigo" e disse que Sobel teria interpretado errado sua mensagem. "Se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo."
O diálogo entre os dois ministros ocorreu na manhã de hoje, por telefone --Jobim encontra-se em visita oficial à Polônia.
CRÍTICAS AOS EUA
A nota da assessoria lembra as recentes divergências entre Jobim e os EUA no que tange à presença estratégica dos Estados Unidos na América Latina.
Jobim disse em palestra recente em Lisboa que a aliança militar ocidental, a Otan, que é liderada pelos EUA, podia intervir no Atlântico Sul sem autorização da ONU. Na Bolívia, na semana passada, afirmou que a agenda norte-americana para o hemisfério sul estava ultrapassada e que não comportaria a ingerência dos tempos da Guerra Fria.
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