Sonda espacial confirma "ar" com oxigênio em lua de Saturno
A Terra ganhou uma companheira na galeria dos corpos celestes com forte presença de oxigênio na atmosfera. Astrônomos anunciaram que Reia --segundo maior dos 62 satélites de Saturno-- tem o gás.
Embora haja indícios claros da presença de oxigênio em outros planetas e satélites (como Europa, lua de Júpiter), a maioria dessas conclusões se baseia em observações indiretas, como as do Telescópio Espacial Hubble.
Desta vez, a sonda não tripulada Cassini, da Nasa, conseguiu de fato coletar o gás. A descoberta será publicada numa edição futura da revista "Science".
Para isso, ela sobrevoou o satélite a uma distância de apenas 97 quilômetros. Em termos espaciais, isso significa que o dispositivo "passou raspando" sobre a lua.
A quantidade de oxigênio presente em Reia, no entanto, é muito inferior à que existe na Terra.
A atmosfera detectada pela Cassini, composta de oxigênio e dióxido de carbono (CO2), é extremamente rarefeita, devido à baixa densidade e à massa pequena do satélite, entre outros fatores.
A capacidade de um corpo assim conseguir reter gases e formar uma atmosfera, aliás, foi um dos aspectos que mais intrigaram os cientistas. Normalmente, os corpos celestes que possuem atmosfera costumam ser mais densos.
A densidade do nosso planeta, por exemplo, é de aproximadamente 5,5 g/cm3, enquanto à de Reia não passa de 1,2 g/cm3. Isso significa que o satélite é apenas um pouco mais denso do que a água, que tem 1 g/cm3.
DESABITADO
Embora a composição química de Reia seja teoricamente favorável à vida --além do oxigênio recém descoberto, ela é composta principalmente de água no estado sólido--, o cientista que comandou o trabalho afirma que essa possibilidade é remota.
"Todas as evidências da Cassini indicam que Reia é muito fria e desprovida de água em estado líquido, o que é necessário para a vida como a conhecemos", disse Ben Teolis, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, no Texas (EUA), em entrevista ao jornal britânico "Guardian".
Roberto Costa, professor do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP), também duvida da existência de vida no satélite de Saturno."Essa descoberta não tem realmente nada a ver com vida. Saturno está fora do cinturão de habitabilidade. Ou seja, não tem água na fase líquida. Essas novas informações são realmente muito importantes, mas do ponto de vista do estudo da formação do Universo."
Apesar de terem detectado a atmosfera, os cientistas ainda estão desenvolvendo (muitas) hipóteses para explicar sua formação. O oxigênio parece ser formado com a "quebra" do gelo presente no satélite, devido à influência magnética de Saturno.
O dióxido de carbono também pode ter vindo do gelo, ou ainda ter sido depositado por materiais ricos em carbono que chegaram com o choque de minúsculos meteoros, entre outras possibilidades.
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