Especulação sobre equipe de Dilma gera "mal-estar" entre investidores, diz FT
As especulações sobre a formação da equipe econômica da presidente eleita, Dilma Rousseff, vêm provocando um "mal-estar" entre os investidores, segundo afirma reportagem publicada nesta terça-feira pelo diário econômico britânico "Financial Times".
O jornal observa que a permanência do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, é dada como praticamente certa, mas que crescem os rumores de que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não deverá ser mantido no cargo por Dilma.
"Os investidores estão ansiosos para saber quem ela (Dilma) escolherá para os principais postos ministeriais para ter uma indicação de como ela pretende lidar com várias questões econômicas urgentes, incluindo uma moeda sobrevalorizada, uma inflação em alta e a piora das contas públicas", afirma o texto.
Segundo o jornal, Dilma "já deixou claro que ela decidirá as políticas, não seus ministros", mas as recentes especulações na mídia sobre o futuro de Meirelles "vêm alimentando uma crescente sensação de mal-estar sobre a direção da política econômica".
DESENVOLVIMENTISTA
O "FT" comenta que durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a ortodoxia de Meirelles compensava a ala mais "desenvolvimentista" do governo representada por Mantega.
"Ao nomear Mantega primeiro, dizem os analistas, Rousseff sinalizaria um apoio à ala menos ortodoxa do atual governo", diz o jornal.
A reportagem afirma que, segundo os analistas, mesmo se permanecer no cargo, Meirelles não teria a mesma autonomia da qual gozou nos últimos oito anos e que desde que condicionou sua permanência à manutenção da independência do Banco Central, começaram os rumores sobre sua saída.
O diário comenta que um possível nome para substituir Meirelles seria o do diretor do BC Alexandre Tombini, que teria aceitação entre os investidores, mas um perfil menos ortodoxo que o do atual presidente do banco.
O "FT" observa ainda que Dilma já afirmou que não fará mudanças nos três pilares da recente prosperidade brasileira: "um regime de câmbio flutuante, metas de inflação e constantes reduções na dívida pública".
"Mas investidores têm ficado agitados pelos eventos recentes, incluindo a intenção declarada por Rousseff de reduzir as taxas de juros do Brasil a 2% ao ano após a inflação, do atual nível de cerca de 5,7%", diz o jornal.
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