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Repórter News - reporternews.com.br
Policia MT
Sexta - 27 de Dezembro de 2013 às 16:13
Por: Marlenne Maria

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No ano em que se voltou a utilizar a denominação de Delegacia de Polícia, depois de vários anos utilizando a denominação de Centro Integrado de Segurança e Cidadania – CISC, a avaliação do trabalho da Polícia Judiciária Civil – PJC em Tangará da Serra é positiva. Em relação à denominação, a proposta inicial do Governo do Estado montando os CISC era de que trabalhassem em um mesmo ambiente a PJC, a Polícia Militar e a Politec, mas não deu muito certo, segundo o Delegado Titular de Tangará da Serra Dr. João Romano.


 
 
Ele esteve nos estúdios da Pioneira nesta 6ª-feira (27), quando falou em entrevista ao programa O Povo no Rádio sobre o trabalho realizado ao longo do ano. “Foi um ano bastante difícil. O Contingente policial da Delegacia de Polícia de Tangará é o mesmo de antes. O que fizemos foi readaptar alguns setores, analisando o potencial individual de cada servidor e encaixando-os de maneira que pudessem produzir os resultados melhores do que até então estava ocorrendo”, afirmou Dr. João.


 
 
Sobre o  trabalho da Polícia Militar em conjunto com a PJC, o Delegado elogiou algumas mudanças que vem sendo registradas e anunciou ter conhecimento de uma proposta no sentido de construir um batalhão para a PM de Tangará da Serra, tendo em vista que o espaço hoje utilizado pela corporação junto à Delegacia é bastante acanhado.
 


 
Em relação à PJC, segundo o Dr. João Romano, o trabalho acontece sempre de forma conjunta. “Estamos setorizados apenas no sentido de dividir os trabalhos. Os investigadores que trabalham nos crimes contra o patrimônio são os mesmos que trabalham nos crimes contra a vida ou violência doméstica”, destacou, lembrando que a estrutura não é a adequada. “É bastante deficitária. Tenho que aplaudir e agradecer pelo trabalho dos nossos policiais. Mas também não posso vir aqui e tapar o sol com a peneira e dizer que a estrutura da Polícia Civil é maravilhosa ou perfeita e que estamos combatendo 100% a criminalidade. Isso não corresponde à realidade. Estamos trabalhando dentro do possível, na verdade até acima do possível e com isso temos dado uma resposta, mas a estrutura não é a adequada”, afirma.


 
 
Casos complicados em 2013 – Entre os crimes registrados em Tangará da Serra ao longo do ano o Delegado chamou a atenção para dois casos de latrocínio. “Estes causaram grande comoção em nossa cidade. Foram dois casos em que a polícia deu uma resposta muito pronta, muito efetiva, e conseguiu rapidamente desvendar os crimes. Houve também um número excessivo de homicídios, casos estes, quase 100% desvendados”, lembrou.


 
 
Dr. João Romano destacou ainda a ocorrência de grande número de crimes contra o patrimônio, especialmente roubos, chamando a atenção para os casos em que houve violência na ação dos bandidos. “Ou utilizando arma de fogo, ameaçando ou praticando violência física contra a vítima. Foi necessário que se montasse uma equipe especificamente para resolução destes casos e na maioria deles conseguimos dar uma resposta rápida à população”, explicou.


 
 
Menores – Indagado sobre o envolvimento de menores em crimes, o delegado disse que a questão é delicada. Segundo o Dr. João, há uma questão de ordem política com relação aos menores infratores: “Primeiro que não há em nosso município uma unidade específica para abrigar estes adolescentes. Se tenta a duras penas uma vaga em Cuiabá, Rondonópolis ou Sinop, mas dificilmente se consegue. Existe então esta questão da impunidade do adolescente que comete a infração. Agora, dizer que os índices de criminalidade estão como estão porque os menores cometem crimes, é uma inverdade. Basta ver as estatísticas e se concluirá que os crimes mais graves não são cometidos por menores”, afirma.
 


 
Segundo o Dr. João, sempre que um menor comete uma infração, há o uso político da questão, com discursos de que o problema se resolveria com a redução da maioridade penal. “O que há é a falta de estrutura e também o fato de que a lei prevê pena máxima de três anos de detenção dos menores. Se o indivíduo comete um crime, sem dúvida deve pagar pelo que fez, mas à medida que esta estrutura é falha ela causa outros problemas para o Estado e para a sociedade. Jogar estes menores no sistema penitenciário como está hoje, penso que causará um mal ainda maior”.
 


 
Crimes contra a vida – Foi grande neste ano de 2013 o volume de homicídios em Tangará da Serra. Analisando o fato, o Delegado disse que o crime de homicídio é o principal dentro da legislação penal e que é difícil se apontar uma causa específica. “É muito complicado. Alguns homicídios decorreram por conta do ambiente familiar, envolvendo, sobretudo a vítima mulher; homicídios que decorreram de brigas em bar, acerto de contas por conta do tráfico de drogas. São várias causas e por isso às vezes se torna um pouco complicada a investigação, porque não é algo que esteja mais ou menos pronto. É um crime que demanda tempo para se poder investigar”, afirmou. Por outro lado o índice de resolução de casos foi satisfatório na opinião do delegado.
 


 
Machismo e Violência Doméstica – Dr. João lembrou que a Polícia tem trabalhado preventivamente no sentido de mudar o pensamento das pessoas em relação à ‘posse’, sugerida por uma cultura machista. “O que temos feito aqui, desde outubro, por conta de uma política estadual é dirigir as ações no sentido de prevenção. Algumas situações de maior risco que podem resultar em crimes pode-se evitar. Por isso a Polícia Civil e a Polícia Militar tem feito constantes blitz em bares, tem sido realizadas palestras nas escolas e em outras instituições para alertar a população para formar uma cultura, sobretudo para formar uma cultura diferente da machista onde pensam muitos que o homem é dono da mulher. Precisamos mostrar que o homem não é dono da mulher e a mulher não é dona do homem”, destacou.
 


 
Expectativas para 2014 – A expectativa é de melhorias no ano que vem, até com a contratação de servidores a partir do concurso público que deverá contratar servidores já para a Copa do Mundo. O número de vagas destinadas as Tangará da Serra é razoável segundo o Delegado. O trabalho preventivo é outra aposta forte, mas, conforme lembra Dr. João, a segurança da população sempre dependerá de um conjunto de fatores. “A prevenção vem surtindo efeito, mas é óbvio que as ações que estão sendo feitas não vão eliminar tudo. Da forma que estava o índice era bastante alto. Segurança pública não se resolve só com polícia. É uma política muito maior do que só atribuir a um único setor a resolução dos casos de crimes. Tem que envolver o Poder Público de forma mais atuante, mais incisiva em educação e na área social”, afirmou.
 


 
As leis – Este foi outro ponto abordado pelo Delegado na sua entrevista. Segundo ele, no Brasil se fala muito de leis, mas as leis não são o problema. “Lei é um argumento de político descompromissado para tentar iludir a população ‘vamos fazer uma lei’ o partido ou o grupo que está no poder não lança nenhum projeto para tentar melhorar a estrutura, para fazer com que a lei seja efetiva, isto não existe. O que eles querem fazer é só lei. Não há uma lei para fazer uma estrutura. Por que não se quer estruturar, como no caso citado dos adolescentes para que cumpram a penalidade. Existe a lei, mas não há estrutura. Construir uma ponte, um viaduto, um chafariz chama mais atenção. Falta comprometimento. Precisamos analisar antes do pleito eleitoral quais as propostas efetivas. Porque aprovar uma lei é fácil. Torná-la efetiva é diferente”, explica o delegado.


 
 
Segundo ele existem muitos mandados de prisão que não são cumpridos no Brasil, porque não há onde colocar estes indivíduos. “Enquanto países de primeiro mundo investem em escolas para reduzir o número de presídios, aqui não fazemos nada. Nem construímos escolas, nem presídios. E quando o índice de criminalidade aumenta, a tendência da população é culpar aa polícia. Mas como a população é inadequadamente informada, parece que a polícia é inoperante. Às vezes é mesmo, mas não é a polícia só que vai resolver o problema, porque somos uma sociedade”, lembrou.


 
 
O papel da Imprensa – Dr. João Romano destacou a importância da seriedade do trabalho da mídia em relação às notícias do setor Segurança Pública. “A população precisa ficar informada e a Rádio Pioneira é um veículo de comunicação que faz este serviço e muito bem feito para a população. Penso que é o veículo de comunicação que melhor atinge, que tem o maior alcance junto à população até porque o Rádio é uma estrutura que não foi superada. Sempre que surge uma novidade pensam que o rádio vai se tornar obsoleto, mas na verdade está sempre atual. E agora incorporou o site. E é uma divulgação sempre serena, que não faz sensacionalismo com o crime e isso é muito importante. Vemos alguns órgãos de imprensa que a situação que querem mostrar ali é para causar o pânico. Muitas vezes não é que a cidade está tomada pelo crime, mas pé a forma como esta informação é colocada. Claro que não nos isentamos, mas não podemos potencializar o crime, porque vai causar muito mais malefícios. É uma situação que tem que ser transmitida com o comprometimento com que vocês o fazem”, disse o delegado.
 


 
Encerrando a entrevista, Dr. João confirmou que acompanha os comentários feitos sobre as matérias publicadas no site da emissora: “Vejo nos comentários no site, que há críticas. Eu acompanho os comentários. Às vezes achamos injustos alguns comentários, mas acabamos vendo desinformação em uma parcela mínima. As pessoas estão mais informadas, mais instruídas, o que fortalece a democracia. Isso é bom para nosso trabalho, porque à medida que são apontados os erros, vamos nos corrigindo. Um feliz Ano Novo para todos e que 2014 seja melhor que 2013”, finalizou.





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