Repórter News - reporternews.com.br
Ciência/Pesquisa
Sexta - 12 de Novembro de 2010 às 10:21

    Imprimir


O aprendizado da leitura, um fenômeno recente demais para ter influenciado nossa evolução genética, tem um impacto importante sobre o cérebro, que se adapta e utiliza, independente da idade da alfabetização, regiões cerebrais destinadas a outras funções.

"Não existe um sistema cerebral inato especializado na leitura, temos que fazer uma colagem, utilizar sistemas que já existem", explicou à AFP Laurent Cohen, do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França) e um dos coordenadores, ao lado de Stanislas Dehaene, do estudo publicado na revista "Science".

Os pesquisadores conseguiram medir, através de um IRM (imagem por ressonância magnética), a atividade cerebral de 63 adultos voluntários com diferentes índices de alfabetização: 10 analfabetos, 22 pessoas alfabetizadas na idade adulta e 31 pessoas alfabetizadas na infância. O estudo foi feito entre o Brasil e Portugal.

Os adultos foram submetidos a diferentes estímulos, tais como frases orais e escritas, palavras e rostos.

Os pesquisadores constataram que o impacto da alfabetização sobre o cérebro "era maior do que os estudos anteriores davam a entender", e afeta tanto áreas visuais do cérebro quanto setores dedicados à fala.

"O aprendizado da leitura ativa o sistema visual nas regiões especializadas na forma escrita das letras, o que é normal, mas também nas regiões visuais primárias, onde chega toda a informação visual", afirmou Cohen.

Assim, para pessoas que aprendem a ler, as respostas aumentam também nas regiões primitivas "quando apresentamos quadros horizontais, já que nossa leitura é horizontal, mas não quando apresentamos quadros verticais", segundo o especialista.

O cérebro recorre também a zonas especializadas na língua escrita, uma vez que a leitura "ativa o sistema da fala" para tomar consciência dos sons, e permite "estabelecer relações entre o sistema visual e o sistema de fala, as letras escritas e os sons", destacou Cohen.

Aprender a ler, mesmo na idade adulta, provoca no cérebro uma redistribuição de uma parte de seus recursos. Deste modo, o reconhecimento visual dos objetos e de rostos cede parcialmente terreno à medida em que aprendemos a ler, e se desloca "parcialmente para o hemisfério direito".

Os cientistas ainda não sabem se aprender a ler tem consequências negativas sobre nossa capacidade de reconhecimento de rostos.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/110997/visualizar/