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Cultura
Sexta - 05 de Novembro de 2010 às 16:04

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Trabalhou como bancário, balconista, gerente de loja de roupas e vendedor de jóias. Mas, desde pequeno, o palco era a inspiração do seu destino. Filho de um crooner e de uma corista de cassino, estreou como ator, aos seis anos de idade, atuou no teatro estudantil, cantou em um grupo musical, estudou arte dramática e construiu uma história de mais de quatro décadas na televisão, no teatro e no cinema.

Hoje, aos 66 anos de idade e com 46 anos de carreira, Ney Latorraca é o homenageado do 17º Vitória Cine Vídeo. O ator atuou em mais de 23 peças teatrais, 17 filmes e 23 novelas, além de programas musicais, humorísticos, minisséries e seriados. O artista receberá o Troféu Marlin Azul e a edição especial do Caderno do Festival dedicado à sua carreira cinematográfica. Este ano, o festival será realizado de 06 a 11 de dezembro. A realização é do Instituto Marlin Azul, da Galpão Produções e do Instituto Brasileiro de Cultura e Arte (IBCA).

A inspiração na família – Antônio Ney Latorraca nasceu em 25 de julho de 1944, no município de Santos, no litoral de São Paulo. Chegou ao mundo em berço artístico. Por causa da rotina de trabalho da família em cassinos de diferentes cidades, nunca tinha morada fixa. Com o fechamento dos cassinos, durante o regime militar, a mãe, Dona Nena, fonte de inspiração para o artista, passou a dedicar-se ao lar, e o pai, Seu Alfredo, arrumou emprego na rádio e TV Record, na cidade de São Paulo. Aos seis anos, estréia como ator na Rádio Record.

No ano de 1957, mudou com os pais para o Rio de Janeiro, onde estudou o primeiro ano ginasial, no Colégio São Fernando. Dentro do ambiente escolar sua veia artística também encontrou caminhos para pulsar: o estudante tinha um número fixo em que dançava frevo, com figurino produzido por ele próprio para o espetáculo.

Ao voltar para Santos, em 1958, continuou os estudos e, ao mesmo tempo, montou em parceria com os amigos da escola, o conjunto Eldorado, dentro do qual participou como cantor e líder. O grupo animou festas e bailes por quase dois anos e revelou o desejo do garoto de seguir a carreira musical, a exemplo dos pais.

O despertar para o teatro – Em 1964, a montagem de uma peça teatral na escola despertou a atenção do jovem. Decidiu, então, se inscrever para participar do espetáculo. Era a peça “Pluft, O Fantasminha”, de Maria Clara Machado, dirigida por Serafim Gonzáles. Assim, o estudante faz sua estréia no palco, aos 20 anos. A peça alcançou sucesso, ultrapassou os limites da escola, chegando aos ginásios, e o jovem ator foi reconhecido pela imprensa.

Logo a ambição para grandes papéis o estimulou a procurar emprego na peça “Depois da Queda”, na cidade de São Paulo, pois se determinou a substituir o ator principal, Paulo Autran. Ao ser recusado, escreveu com um batom no espelho do camarim de Maria Della Costa: “um dia eu vou ser o seu galã”.

Obstinado por seu sonho, procurou Cacilda Becker e Walmor Chagas, que o receberam e o orientaram a cursar a Escola de Artes Dramáticas, conselho seguido anos mais tarde. Nesta época, decide permanecer na cidade – num momento em que o país vivia o regime militar – para encenar “Reportagem de Um Tempo Mau”, de Plínio Marcos, que representava uma crítica à política ditatorial brasileira. A peça foi encenada apenas uma vez, no Teatro de Arena, e o elenco acabou preso pela censura.

De volta a Santos, o ator, que já tinha o registro profissional, ingressou no Teatro da Faculdade de Filosofia de Santos (TEFF), onde encenou as peças “A Crômica” e “O Cristo Nu”, de Carlos Alberto Sofredini, e “A Falecida”, de Nelson Rodrigues. A entrada na Escola de Arte Dramática da USP aconteceu em 1967. Era o primeiro aluno da turma e concluiu o curso, em 1969, tendo como madrinha de formatura Marília Pêra. Foi durante o período de estudo que o ator morou numa pensão e trabalhou em diferentes atividades, no setor de comércio e serviços, para se manter.

Daí para frente, o sucesso se consolidou na sua vida. Dentre as diversas e consagradas atuações no teatro, um dos maiores destaques de bilheteria foi a peça “O Mistério de Irma Vap”, de Charles Ludlan, com a direção de Marília Pêra. A obra, contracenada ao lado de Marco Nanini, permaneceu em cartaz por onze anos, percorreu as principais cidades brasileiras e foi vista por mais de 2,5 bilhões de pessoas. A peça é recorde mundial, conforme o Guiness Book, de apresentações com o mesmo elenco.

O sucesso na TV – Durante sua trajetória, o ator acumulou experiência em diferentes trabalhos na televisão, interpretando personagens inesquecíveis, tais como, Quequé (minissérie Rabo de Saia), Vlad (novela Vamp) e Barbosa (TV Pirata). Inicialmente, participou do seriado “Alô, Doçura” (1953), da novela “Beto Rockfeller” (1968), e de três capítulos da novela “Super Plá” (1969).

Em 1974, o ator estréia na TV Globo, na novela “Escalada”. Na emissora, atuou em inúmeras novelas, entre elas, “Estúpido Cupido” (1976), “Coração Alado” (1980); “Eu Prometo” (1983), “Rabo de Saia” (1984), “Um Sonho a Mais” (1984), Vamp (1991), “Zazá’ (1997), “O Cravo e a Rosa” (2000) e “Negócios da China” (2008). Ainda, na mesma TV, participou de diferentes minisséries, seriados, programas musicais e humorísticos. No SBT, participou das novelas “Brasileiros e Brasileiras” (1990) e “Éramos Seis” (1994).

O cinema – Estreou no cinema, em 1969, no filme “Audácia, a Fúria dos Trópicos”, de Carlos Reichembard e Antônio Lima. Sua atuação no filme “Sedução”, dirigido por Fauzi Mansur, de 1974, resultou na conquista do Prêmio Coruja de Ouro de melhor ator coadjuvante, concedido pelo Instituto Nacional de Cinema (INC).

Ao longo da sua carreira, atuou ainda em filmes como “Anchieta José do Brasil” (1976), de Paulo César Saraceni; “O Beijo no Asfalto” (1981), de Bruno Barreto; “Ópera do Malandro” (1985), de Rui Guerra e Chico Buarque; e “For All, Trampolim da Vitória (1998), de Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz. Em 2006, o sucesso teatral “O Mistério de Irma Vap” ganhou uma versão no cinema, com a produção “Irma Vap – o Retorno”, dirigido por Carla Camurati, e que levou Ney e Nanini do palco para a telona.

Novos trabalhos – Atualmente, no cinema, participou do curta-metragem “Vida Vertiginosa”, dirigido por Luiz Carlos Lacerda, em que contracena com Paula Burlamaqui. Prepara-se ainda para o lançamento do filme “O Gerente”, adaptação e direção de Paulo César Saraceni, do conto de Carlos Drummond de Andrade. Na TV, integra o elenco do programa “SOS Emergência”, da TV Globo, no ar aos domingos. Para o ano de 2011, a novidade será a encenação da peça “A Escola de Escândalo”, um projeto de Ney Latorraca e Maria Padilha. O texto é de Richard Sheridan e terá tradução, adaptação e direção de Miguel Falabella.

Outros homenageados do VCV – Desde 1999, o Vitória Cine Vídeo tradicionalmente homenageia uma personalidade do cinema brasileiro. Já foram homenageados: Fernando Torres (1999), Paulo José (2000), Lima Duarte (2001), Marília Pêra (2002), José Wilker (2003), Nelson Pereira dos Santos (2004), Marco Nanini (2005), Marieta Severo (2006), Dercy Gonçalves (2007), Orlando Senna (2008) e Eva Wilma (2009). A partir de 2001, todos os homenageados passaram a receber uma edição do Caderno do Festival.

Cronologia do ator

Teatro

1964 – Reportagem de Um Tempo Mau

1965 – A Crômica

1965 – O Cristo Nu

1966 – A Falecida

1967 à 1969 – EAD (Escola de Arte Dramática da USP – São Paulo)

1969 – O Balcão

1970 – Hair

1972 – Quanto Mais Louco Melhor

1972 – Jesus Cristo Superstar

1973 – Jogo do Crime ou O Misterioso Caso de Mister Morgan

1973 – Bodas de Sangue

1974 – O Que Você Vai Ser Quando Crescer

1974 – Orquestra de Senhoritas

1975 – A Mandrágora

1979 – Lola Moreno

1979 – Afinal… Uma Mulher de Negócios

1982 – Othello

1983 – O Rei Lear

1986 – O Mistério de Irma Vap

1994 – O Médico e o Monstro

1995 – Don Juan

1996 – Quartett

1999 – O Martelo

2000 – 3 X Teatro

2002 – Capitanias Hereditárias

TV

TV TUPI

1953 – Alô Doçura (seriado)

1968 – Beto Rockfeller

1969 – Super Plá

1969 – Dom Camilo e Seus Cabeludos

TV Record

1971 – Eu Quero Viver

1972 – Vidas Marcadas

1973 – Eu e a Moto

1974 – Venha Ver o Sol na Estrada

TV SBT

1990 – Brasileiros e Brasileiras

1994 – Éramos Seis

TV Globo

1974 – Escalada

1975 – O Grito

1976 – Estúpido Cupido

1977 – Sem Lenço, Sem Documento

1978 – Saudade Não Tem Idade (programa musical)

1979 – Malu Mulher

1980 – Coração Alado

1982 – A Vida de Santo Antoninho da Rocha Marmo (Caso Verdade)

1983 – Anarquistas, Graças a Deus (minissérie)

1983 – Eu Prometo

1984 – Rabo de Saia (minissérie)

1984 – Partido Alto

1984 – Um Sonho a Mais

1985 – Avenida Paulista (minissérie)

1986 – Memórias de Um Gigolô (minissérie)

1986 – Grande Sertão, Veredas (minissérie)

1987 – TV Pirata (programa humorístico)

1991 – Vamp

1997 – Zazá

2000 – O Cravo e a Rosa

2002 – O Beijo do Vampiro

2003 – A Casa das Sete Mulheres (minissérie)

2004 – Da Cor do Pecado

2005 – Bang Bang

2008 – Negócio da China

2010 – SOS Emergência (programa humorístico)

Cinema

1969 – Audácia, a Fúria dos Trópicos -  Direção: Carlos Reichembard e Antônio Lima

1973 – A Noite do Desejo – Direção: Fauzi Mansur

1974 – Sedução – Direção: Fauzi Mansur

1976 – Deixa Amorzinho… Deixa – Direção: Saul Lachermaster

1976 – Anchieta José do Brasil – Direção: Paulo César Saraceni

1979 – Das Tripas Coração – Direção: Ana Carolina

1981 – O Beijo no Asfalto – Direção: Bruno Barreto

1982 – O Grande Desbum – Direção: Bráz Chediak e Antônio Pedro

1985 – Ópera do Malandro – Direção: Rui Guerra e Chico Buarque

1986 – Ele, o Boto – Direção: Walter Lima Junior

1987 – A Fábula da Bela Palomera – Direção: Rui Guerra

1987 – Festa – Direção: Hugo Georgette

1988 – A Mulher do Atirador de Facas – Direção: Nilson Villas-Boas

1994 – Dente por Dente – Direção: Alice de Andrade

1995 – Brevíssimas Histórias da Gente de Santos – Direção: André Klotzel

1998 – For All, Trampolim da Vitória – Direção: Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz

2003 – Viva Sapato! Direção: Luiz Carlos Lacerda

2004 – O Diabo a Quatro – Direção: Alice de Andrade

2006 – Irma Vap – O Retorno – Direção: Carla Camurati

2009 – Vida Vertiginosa – Direção: Luiz Carlos Lacerda

2009 – Topografia de um Desnudo – Direção: Roberto Carminati

2010 – O Gerente – Direção: Paulo César Saraceni (ainda não lançado)






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