Dilma terá que convencer que não é "Lula de batom", diz Economist
Na edição desta semana, a revista britânica "Economist" publica uma matéria sobre os desafios que a presidente eleita Dilma Rousseff enfrentará para provar que tem ideias próprias e que sairá da sombra de Lula.
"Ela terá de convencer os céticos de que ela não é apenas o Lula de batom", afirma a "Economist".
Segundo a revista, até o momento ela vem lidando bem com a situação. Mas criará um precedente ruim para o Brasil se permitir que Lula permaneça no poder, nos bastidores.
Entre os obstáculos citados está a desconfiança de investidores, assim como aconteceu logo após a eleição de Lula, em 2002.
Do mesmo jeito que se preocupavam com ter no poder um ex-líder socialista, eles podem ver com temor o passado de Dilma, que lutou contra a ditadura nos anos 1960.
Segundo a revista, para confortar os eleitores mais ricos que votaram em José Serra, "no dia seguinte às eleições Dilma descreveu seus planos econômicos como nada que crie ondas ou confusões".
MEIRELLES E PALOCCI
Mas suas nomeações passarão por forte escrutínio. A revista diz que investidores defendem a permanência de Henrique Meirelles no Banco Central e que estão de olho em Antonio Palocci.
Se Dilma escolher Palocci para a Casa Civil ou colocá-lo de volta no Ministério da Fazenda, ganhará a confiança do setor empresarial, diz a Economist. "Se ele [Palocci] acabar [nos ministérios] de Saúde e Educação, os empresários permanecerão céticos."
Desde as eleições, Dilma vem defendendo responsabilidade fiscal, ao mesmo tempo em que apoia gastos sociais com os mais pobres.
Para manter as duas promessas, a revista afirma que será preciso "cortar gordura das partes do orçamento em que Lula não tocou, como as pensões no serviço público. Mas atacar tais vantagens generosas provocaria a ira de sua base e dos sindicatos, que ainda são uma força considerável dentro do PT".
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