Mesmo com manutenção da Selic, Brasil ainda tem maiores juros reais
Mesmo com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) manter a taxa básica de juros do país em 10,75% ao ano e a elevação de algumas projeções de inflação, o Brasil continua na liderança do ranking dos países com maiores juros reais do planeta.
Com a manutenção na taxa básica do país, os juros reais a 5,3% ao ano. Na segunda posição aparece a África do Sul, com taxa real de 2,4%. Na terceira posição está a China, com 2%. O ranking é elaborado por Jason Vieira, analista internacional do Cruzeiro do Sul, e Thiago Davino, gerente financeiro da Weisul Agrícola, com 40 das maiores economias do planeta.
Da taxa básica, foi descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Os analistas afirmam que, para que o Brasil deixasse a primeira colocação no ranking, seria necessário um corte de 3 pontos percentuais na taxa Selic, para 7,75% ao ano. Assim, o país chegaria a um juro real de 2,4%, ocupando a segunda posição.
"O recente arrefecimento dos índices de inflação levou a um posicionamento menos retracionista de política monetária. O ano de 2011, porém, conta com a perspectiva de continuidade do crescimento econômico e se renova a possibilidade de novas elevações de juros no Brasil", dizem.
Enquanto o Brasil reforça sua liderança na lista, mais da metade dos países citados registram juro real negativo. Tanto que a taxa média geral dos países analisados ficou em -0,6%. Os últimos lugares do ranking são ocupados por Venezuela (-8,2%), Índia (-4,4%) e Grécia (-4,4%).
A liderança do Brasil ajuda o país a registrar uma expressiva entrada de capital externo, que ocorre porque os títulos de renda fixa emitidos no país pagam mais que seus pares internacionais. Por conta disso, o governo vem anunciando nas últimas medidas para conter a valorização do real no mercado, que prejudica exportadores e amplia as importações no país.
Uma delas foi o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) indicente sobre as operações de estrangeiros com renda fixa no país, de 2% para 6% (o aumento foi realizado em duas vezes, a primeira no início de outubro e a segunda nesta semana).
Outros países com juros nominais altos detêm projeções inflacionárias mais fortes, e, portanto, perdem posições no ranking. Além disso, os analistas ressaltam que o Brasil conta com riscos mais modestos do que boa parte dos participantes, "o que o torna um grande atrativo para investidor internacional".
Veja o ranking dos dez países com os maiores juros reais:
1º Brasil 5,3%
2º África do Sul 2,4%
3º China 2,0%
4º Hungria 1,5%
5º Polônia 1,5%
6º Austrália 1,4%
7º Taiwan 1,2%
8º Japão 1,0%
9º Chile 0,8%
10º México 0,8%
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