Em depoimento, marido de Erenice nega ter beneficiado empresa
O marido da ex-ministra Erenice Guerra, José Roberto Camargo Campos, negou nesta quarta-feira que tenha atuado para beneficiar a empresa Unicel, que o contratava como prestador de serviços e que conseguiu uma licença inédita da Presidência da República.
Em depoimento à Polícia Federal, Camargo disse que é homônimo do dono da Unicel (José Roberto Silva) e não tinha poderes para interceder pela empresa. "Houve uma confusão, ele não é dono da empresa e atuou para beneficiar a Unicel", disse o advogado Vinícius Bicalho.
Como a Folha mostrou, a empresa Unicel conseguiu da Presidência da República atestado único de capacidade técnica. Foi a primeira e única vez que a Diretoria de Telecomunicações da Presidência avalizou um serviço experimental. À época, o marido de Erenice já prestava serviços para a empresa.
Segundo o advogado, o marido de Erenice era "apenas um prestador de serviços técnicos". "O último serviço foi em 2009 e ele parou no meio porque a empresa ficou deficitária. O meu cliente nunca fez nada relacionado a Anatel", disse Bicalho.
O advogado disse ainda que o trabalho de Camargo consistia em "implantar serviços de comunicação quando a Unicel ganhava uma licitação". "Era um serviço técnico, sem influência nenhuma de Erenice para isso", afirmou Bicalho.
O depoimento durou mais de 3 horas e, de acordo como o advogado, o marido de Erenice não tinha conhecimento sobre as licenças do governo dadas à Unicel ou os casos de tráfico de influência. "Ele não respondeu algumas perguntas porque não tinha como responder".
Bicalho afirmou ainda que o marido de Erenice nunca se beneficiou dos poderes da mulher dentro do governo. "Ele casou com ela em 2007, mas é do setor há mais de 30 anos".
A Polícia Federal ouviu também nesta quarta-feira o contador Gustavo Mourão, que trabalhava na Capital Consultoria. A empresa é do filho da ex-ministra Erenice Guerra e cobrava uma "taxa de sucesso" para viabilizar contratos com o governo.
Comentários