A técnica, usada no Hospital New Haven da Universidade de Yale, induz a hipotermia reduzindo a temperatura do corpo do paciente dos 37 graus normais para apenas 18 graus centígrados.
“O corpo está essencialmente em real estado de animação suspensa, sem pulso, sem pressão, sem sinais de atividade cerebral”, explica o médico John Elefteriades.
A baixa temperatura do corpo permite que os cirurgiões tenham tempo para realizar a operação reduzindo o risco de danos ao cérebro e outros órgãos e diminuindo a necessidade do uso de anestésicos e máquinas.
Depois da operação, o corpo do paciente é lentamente aquecido e seu coração, estimulado com um desfibrilador.
Recuperação milagrosa
Em medicina, técnicas revolucionárias frequentemente surgem após acidentes. Onze anos atrás, Anna Bagenholme, uma esquiadora de 29 anos caiu por um buraco no gelo na Noruega.
Anna Bagenholme sobreviveu após parada cardíaca de mais de três horas
Seu coração parou de bater por mais de três horas e sua temperatura corporal caiu para 13.7 graus centígrados.
Esta foi a mais longa parada cardíaca da história, e com a temperatura mais fria já registrada.
Bagenholme parecia morta, mas os médicos que a atenderam sabiam que o frio que tinha feito seu coração parar também poderia ter preservado seu cérebro. Eles decidiram então seguir com a ressucitação e começaram a aquecê-la lentamente.
Após algum tempo, o coração da esquiadora voltou a bater e três semanas mais tarde, ela abriu os olhos pela primeira vez e começou uma recuperação lenta e gradual.
O fato de ela ter sobrevivido sem seqüelas alterou o conceito de vida e morte e permitiu que os médicos tentassem manipular esse processo para salvar outros pacientes.
‘Técnica fascinante’
Em circunstâncias normais, quando há necessidade de parar o coração para a realização de uma cirurgia, os médicos usam uma máquina coração-pulmão para substituir as funções do órgão durante a operação.
Mas em alguns casos, o uso dessa máquina não é possível e a técnica de hipotermia está se provando uma boa alternativa.
“É a técnica mais fascinante que já vi em medicina e, a cada vez, parece um milagre ela funcionar”, diz Elefteriades.
Esmail Dezhbod, de 59 anos, precisava de reparos complicados em veias em torno de seu coração para impedir o rompimento fatal de um aneurisma na aorta.
Em seu caso, as cirurgias tradicionais não podiam ser realizadas sem que houvesse danos cerebrais e o doutor Elefteriades optou pela indução de hipotermia.
Os riscos eram enormes, mas não havia alternativa melhor e a aposta deu certo, com o paciente sendo reanimado com sucesso após a cirurgia.
“Eu tenho dor, não é fácil. Mas sei que o fim será feliz e sei que meu problema foi resolvido”, disse Dezhbod.
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