O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul deu prazo de 48 horas para que o deputado estadual Ary Rigo (PSDB) apresente respostas e explicações sobre o suposto esquema de propina envolvendo os três Poderes divulgado em um vídeo gravado pelo ex-secretário de governo da cidade de Dourados (MS) Eleandro Passaia. O governo do Estado entrou com pedido junto ao Tribunal, que interpelou o deputado, candidato à reeleição.
No vídeo, possivelmente gravado em 12 de junho, Ary Rigo diz que cerca de "R$ 2 milhões eram devolvidos ao governador", sendo que "R$ 900 mil eram destinados aos desembargadores do Tribunal de Justiça e outros R$ 300 mil ao MPE". O deputado alegou que o material foi editado. Todas as esferas negaram as acusações. A interpelação judicial é uma forma de esclarecer informações que estejam equivocadas ou ambíguas.
Durante coletiva na tarde desta sexta-feira, o governador André Puccinelli (PMDB) mostrou o documento encaminhado à Justiça pela Procuradoria Geral do Estado, em que contesta e desmente as declarações do deputado e afirma que o objetivo da divulgação das imagens foi estritamente eleitoreiro. O governo nega rapasses indevidos aos órgãos indicados no vídeo e afirma que "não há repasse ou retorno mensal de recursos feitos a desembargadores, procuradores de Justiça ou ao governador".
Puccinelli informou ainda que entregou, na manhã desta sexta-feira, ao MPE documentos pessoais e se dispôs a abrir os sigilos bancários e telefônicos para as investigações de pagamento de propinas. Ele entregou declarações de imposto de renda, extratos de movimentação bancária de quatro instituições financeiras e declaração anual de produtor, referentes aos anos de 1997 e 2007, ao Procurador-Geral de Justiça, Paulo Alberto de Oliveira.
MPF
A pedido de entidades da sociedade civil, o MPF disse que irá intervir nas investigações e nos encaminhamentos das denúncias de fraude e corrupção em Mato Grosso do Sul. O procurador-chefe da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul, Blal Yassine Dalloul, informou aos representantes de classe que foram até o ministério que "ainda não há elementos provando ou apontando evidências de que houve desvio de verbas federais, mas o MPF já está acompanhando o caso".
O procurador ainda destacou durante reunião que "havendo ou não questões federais no caso que justifiquem a instauração de procedimentos próprios", vai intervir para que as instituições responsáveis pelas investigações tragam respostas rápidas à população.
Dourados
O vídeo feito pelo ex-secretário de Dourados faz parte das imagens captadas durante investigações da Operação Uragano. Ontem, a juíza titular da 1ª Vara Criminal da cidade, Dileta Terezinha Souza Thomaz, recebeu a denúncia do Ministério Público contra o prefeito afastado Ari Artuzi (sem partido) e mais 59 pessoas, entre ex-secretários, vereadores, empreiteiros e até candidatos no pleito deste ano. Eles são acusados de envolvimento no desvio de recursos por meio de licitações superfaturadas e direcionadas.
O delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Jefferson Nereu Luppem, confirmou hoje a transferência de Artuzi da 3ª Delegacia de Campo Grande porque ele vinha recebendo ameaças de morte. O local para onde Aryuzi foi enviado não foi informado por motivos de segurança. O delegado também não detalhou quem e de onde partiram as ameaças.
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