Área próxima à Estação Ecológica do Sesc virou retrato da destruição rápida que o fogo provoca, com diversas espécies de fauna e flora perdidas
Incêndio segue descontrolado em Poconé
O fogo está fora de controle na Estação Ecológica Sesc Pantanal, no município de Poconé, a 140 quilômetros de Cuiabá. Há quatro dias, um incêndio de origem desconhecida destrói o cerrado e mata animais.
Ontem, uma frente de labaredas de cerca de 5 quilômetros de extensão seguia no sentido rio abaixo, na margem direita do Cuiabá. Dois aviões, cada um com capacidade para quase dois mil litros d’água, e três equipes de brigadistas e bombeiros estão se revezando nas ações de combate.
A baixa umidade do ar e o vento forte dificultam o controle da chamas. Além disso, a cada momento surgem novos focos em diferentes pontos da reserva.
Nas instalações do Hotel Sesc Porto Cercado, o incêndio deixou rastros de destruição e relatos de pavor entre funcionários e hospedes.
Nas instalações do hotel, destruiu a “Casa do Tarzan”, construída anexa à piscina sobre um Tarumeiro, uma árvore típica do cerrado, de mais de 200 anos.
Importante atração infantil, a “casa” que tinha capacidade para receber mais de 30 crianças simultaneamente deixará de existir porque a árvore teve de ser sacrificada.
Parcialmente queimada, a trilha suspensa de observação de animais, construída na forma de palafitas também teve de ser interditada temporariamente. Já da horta com diversos canteiros de alface, couve e mais de 300 mudas de plantas nativas para um projeto de reflorestamento nada sobrou.
As labaredas se aproximaram tanto dos reservatórios de combustível veicular e gás de cozinha que funcionários tiveram de enfrentar o fogo para jogar água com mangueiras e manter os locais resfriados e, assim evitar uma tragédia, conforme o gerente do hotel, Marcos Kramm.
No entorno do hotel o cenário é desolador. Toda vegetação se transformou em amontoados de cinzas nos quais ainda é possível encontrar pequenos animais mortos, especialmente pássaros e iguanas.
Kramm contou que em 25 anos de vivência no Pantanal, 13 deles como guia de turismo e 12 na atual função, nunca nem ouviu falar de um incêndio tão devastador.
No momento em que o incêndio se aproximou da pousada, contou, o vento estava tão forte que atirava bolas de fogo de um lado para o outro do rio Cuiabá e sobre os prédios onde ficam os apartamentos dos hóspedes.
A fumaça era tanta que os hóspedes (eram 175) tiveram dificuldades para se descolar de uma área para outra em busca de abrigo e informações. Apavorados, correram para a recepção onde receberam máscara, toalhas molhadas e água para beber.
A brasiliense Selma Simão Oliveira, que visitava o Pantanal pela primeira vez na companhia do marido Hernando, e do filho Felipe, contou que tinha acabado de deixar o restaurante, ao lado da “Casa do Tarzan”, quando ouviu gritos de pessoas desesperadas.
Pela janela do apartamento ela viu as labaredas. Naquele momento, disse, correu com o marido e o filho para a recepção, onde havia uma enfermeira e funcionários auxiliando os hóspedes.
Selma disse que o susto passou, mas a tristeza de ver tanta destruição permanece. Como chegou ao Pantanal um dia antes do incêndio, Selma conseguiu fazer praticamente todos os passeios que estavam programados, inclusive o da trilha que agora está interditada.
Até o final da tarde de ontem a direção do Sesc não tinha uma estimativa do tamanho da área queimada. O que se sabe é que o fogo destruiu tudo por onde passou e já está a 30 quilômetros da sede do hotel.
A reserva ambiental do Sesc é formada por 110 mil hectares, divididas em três unidades: hotel, Bahia das Pedras e a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Nacional). O hotel permanecerá fechado até o próximo dia 30.
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