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Brasil Eleições 2012
Domingo - 12 de Setembro de 2010 às 23:30

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Evelson de Freitas/AE
Escândalo da Receita marca debate entre presidenciáveis
Escândalo da Receita marca debate entre presidenciáveis

O primeiro embate entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) desde que o escândalo da Receita Federal veio à tona foi marcado pela troca de acusações entre os dois principais rivais na briga pela Presidência. Em diversos momentos do debate, promovido pela Rede TV! e jornal Folha de S.Paulo na noite deste domingo (12), Serra citou a quebra de sigilo de pessoas ligadas a ele, o que irritou a petista que, por sua vez, chamou as acusações de “manobras eleitoreiras”. Um chegou a chamar o outro de caluniador.

Logo no início do encontro, Serra listou como “fracassos” do governo Lula os escândalos do mensalão, dos aloprados (de 2006), e a recente quebra de sigilos fiscais de tucanos, e acusou pessoas ligadas à campanha de Dilma, como o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, de ligação com o caso.

Visivelmente nervosa – Dilma gaguejou em alguns momentos –, a petista afirmou haver um “malabarismo” para ligar o caso a sua campanha e acusou o adversário de querer “ganhar no tapetão”.

- Ataca minha campanha, a mim [...] quer ganhar no tapetão, não consegue convencer o povo brasileiro ao acusar minha campanha de atos de setembro de 2009, ao entrar no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] contra minha candidatura. [...] Não vou passar para a história como caluniadora.

Questionado se estava tirando proveito das denúncias para tentar reverter a queda nas últimas pesquisas eleitorais, Serra respondeu com ironia.

- O que eu devia fazer? Devia agradecer o PT e a campanha da Dilma: “Muito obrigado por ter invadido o sigilo da minha filha e do meu genro” [...]. Se eles fazem isso hoje na campanha, imagine amanhã.

Logo após no debate, no Twitter, Pimentel respondeu a Serra dizendo que tem três processos contra ele, por injúria e difamação, e que, agora, vai entrar com novo processo de calúnia contra o tucano.

Marina e Plínio

Embora Serra tenha liderado as acusações contra a rival, Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) também não pouparam a ex-ministra da Casa Civil. Marina afirmou que houve uma “banalização” do escândalo e perguntou à petista sobre os “atraso ético” na gestão do presidente Lula.

- Difícil imaginar que não está sendo banalizado.  O ministro [Guido Mantega, da Fazenda] veio a público dizer que é corriqueiro [vazamento de dados da Receita]. Meu compromisso é que devemos punir quem praticou [...] no meu governo, qualquer acesso a dados na Receita será comunicado. Não haverá impunidade.

Plínio, por sua vez, lamentou que as denúncias tenham dominado o debate e afirmou que o PSOL “não tem nada a ver” com o escândalo, levantando a bola para o concorrente tucano, que aproveitou a deixa do socialista:

- [O escândalo] Não tem a ver com o PSOL, nada a ver com meu partido. É assunto do governo, que acoberta os companheiros. A democracia do PT é a democracia de usar o aparato legal para proteger os companheiros e atacar os adversários.

Dilma também foi questionada no debate sobre as acusações contra a ministra Erenice Guerra, sua sucessora na Casa Civil, supostamente envolvida em um lobby comandado por seu filho, Israel Guerra, para beneficiar empresários interessados em contratos com o governo, segundo reportagem da revista Veja desta semana.

- No caso da Erenice foi feita uma acusação, ela foi desmentida, o que se tem hoje é absolutamente nada. Não concordo, não vou aceitar que se julgue minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora. Isso cheira a manobra eleitoreira sistematicamente feita contra mim e a minha campanha.

Contra-ataque

Diante das críticas, a petista defendeu investigações "doa a quem doer", e subiu o tom contra o concorrente tucano ao ser chamada de “evasiva” por Serra, que questionou as ausências da petista em outros debates.

- As pessoas no Brasil sabem que eu não sou bem caluniador. No seu caso, realmente não dá pra dizer. Não se sabe se você é ou não caluniadora, ou se é ou não evasiva. [...] Você sistematicamente não vai a debates, não vai aqui, não vai ali.

Ela também o acusou de “subestimar” as pessoas e comparou a atitude do rival ao tratamento dado pelos Estados Unidos em relação ao Vietnã que, segundo ela, tiveram uma “derrota lastimável” na guerra por terem subestimado os vietnamitas.

- Acho que as pessoas não devem ser pretensiosas e achar que são donas da verdade. [...] Eu lamento a tentativa sistemática de tentar me desqualificar. Eu também tenho uma trajetória. Não subestime ninguém candidato, o senhor não é dono da verdade. O senhor não é melhor que ninguém.

Esta foi a primeira vez que Dilma e Serra se enfrentaram desde que as denúncias de quebra de sigilos fiscais envolvendo pessoas ligadas ao PSDB vieram à tona.





Fonte: Do R7

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