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Meio Ambiente
Sábado - 11 de Setembro de 2010 às 08:51
Por: Dhiego Maia

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Perto de completar três meses, o período proibitivo de queimadas que já foi antecipado este ano e terminaria no próximo dia 15 em Mato Grosso vai ser prorrogado por mais duas semanas. A proposta foi elaborada durante reunião ocorrida na manhã de ontem no Comitê de Gestão do Fogo, que engloba vários órgãos ambientais do Estado.

Caberá ao governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, decidir em decreto pela prorrogação ou não da proibição. No entendimento do Comitê, a população precisa se conscientizar mais a respeito dos males que o uso indevido do fogo pode causar, ainda mais nas condições adversas do tempo que o Estado vivencia. Pelas previsões climáticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a estiagem extrema ainda deve perdurar por mais 15 dias em Mato Grosso, com registro de chuvas esparsas apenas em algumas regiões e temperaturas elevadas em quase todo o Estado.

Mato Grosso e outros 14 estados foram declarados pelo governo federal em situação de emergência ambiental. Pela medida, o Estado pode contratar novos brigadistas sem a necessidade de licitação. Atualmente, 500 homens de diversos órgãos tanto da esfera estadual como federal atuam no combate ao fogo em Mato Grosso.

De acordo com o perito ambiental e biólogo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Romildo Gonçalves, a gestão do fogo no Estado é deficitária. “Falta planejamento. O fogo é cíclico. De cinco em cinco anos ele é mais forte. Depois que ele está espalhado não adianta gritar”, aponta. Sabendo disso, como aponta Romildo, o Estado deveria ter se preparado previamente. Em 2005, de todos os incêndios registrados no país, Mato Grosso contribuiu com 45%. Em 2010, o cenário se repete. A diferença é que outros estados também estão queimando e a média de Mato Grosso caiu para 24,52%. Com esta marca, o Estado atingiu a sexta colocação entre os que mais queimaram este ano, segundo dados do Inpe, conforme dados registrados ontem.

Ainda de acordo com o pesquisador, o fogo percorre o mesmo trajeto todos os anos. Ele começa na região norte, se desloca à Baixada Cuiabana e ao Vale do Araguaia. A região sul mato-grossense quase não apresenta grandes registros de incêndios.

Criado para diminuir as ocorrências de novas queimadas por meio de multas e processos criminais, o período proibitivo deste ano não conseguiu conter o avanço do fogo na vegetação mato-grossense. Análise do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) em todos os satélites do Inpe detectou, durante o proibitivo, 115 mil focos de incêndios em Mato Grosso. As áreas de pastagem saíram na frente em quantidade de focos, com 29.497, em seguida, as reservas remanescentes, com 27.788, e as terras indígenas, com 20.213 focos. Os assentamentos rurais, locais tidos como propícios para início de vários incêndios, contribuíram com 15.567 focos.

Se a educação ambiental anda capenga, a fiscalização caminhou a todo vapor rumo àqueles que queimaram vegetação indevidamente no período proibitivo. De acordo com o chefe de Fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Paulo Serbija, a quantidade de multas aplicadas no proibitivo deste ano já ultrapassou os registros de 2009. “Já localizamos em áreas de assentamentos e terras indígenas 18 mil pontos de queimadas ilegais” atesta. Até o momento, 500 autos de infração foram aplicados no período deste ano, contra 240 do ano passado. Serbija ainda declarou que está sendo difícil a identificação dos proprietários de terras que efetuaram queimadas ilegais. “A fiscalização autua depois que o fogo é contido. Falta identificar os proprietários das fazendas”, afirma.






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