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Meio Ambiente
Quinta - 26 de Agosto de 2010 às 08:01
Por: Caroline Lanhi

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Quadro também preocupa Polícia Rodoviária Federal pela falta de visibilidade que aumenta número de acidentes
Quadro também preocupa Polícia Rodoviária Federal pela falta de visibilidade que aumenta número de acidentes

A situação do ar em Mato Grosso piora a cada dia e 55% dos municípios monitorados pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental do Estado já estão com a qualidade comprometida. Alta Floresta, Juara e Juína estão em alerta máximo, pois o ar nessas cidades está caracterizado como péssimo, que corresponde ao nível mais alto de poluição. Nestas 3 cidades, toda a população pode apresentar sérios riscos de manifestações de doenças respiratórias e cardiovasculares e ainda aumentar as mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas).

Outras cidades podem ter atingido o mesmo índice, mas não são acompanhadas. São casos como de Marcelândia, Peixoto de Azevedo e Feliz Natal que tiveram grandes incêndios e estão encobertas pela fumaça.

Desde o início do ano os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram 78.388 focos de calor no Estado. Só entre os dias 24 e 25 deste mês foram 4.775 pontos de calor, sendo 301 deles em Juara (709 Km a médio-norte de Cuiabá) e 1.041 em Vila Rica (1.259 Km a nordeste da Capital). Apesar de Alta Floresta e Juína não aparecerem no gráfico do Inpe, os 2 municípios sofrem com a massa de poluição que se desloca entre as regiões do Estado.

Em Alta Floresta (803 Km ao norte), o Hospital Municipal Albert Sabin registrou, em julho deste ano, um aumento de 130% no atendimento de crianças se comparado ao mesmo período do ano passado. Segundo o diretor do hospital, José Marcos da Silva, o número está diretamente ligado às complicações respiratórias, principalmente pneumonia. "Começa com uma gripe, um resfriado, mas logo a situação se agrava devido ao tempo e à poluição".

Além das internações, multiplicam-se os casos de resfriado e complicações alérgicas, como asma e bronquite, entre crianças, idosos e adultos. "Ainda não fechamos o mês de agosto, mas estamos nos preparando para receber números ruins".

Quem mora em Alta Floresta já não suporta mais a fumaça que tomou conta da cidade. A cabeleireira Rosa Quintina, 43, conta que grande parte de seus familiares e amigos estão resfriados ou sentem algum tipo de irritação. "Estamos com dificuldade de respirar e os olhos ardem muito. E, à noite, tudo piora, porque a fumaça baixa, comprometendo ainda mais a nossa saúde".

Para tentar amenizar, somente com muito líquido e umidificadores de ar.

Em Juara a "nuvem" de fumaça atingiu a cidade no início da semana. Apesar do município sofrer com a poluição das queimadas todos os anos, a coordenadora de vigilância em saúde, Maquilaine Henriqueta, afirma que não esperava uma situação como essa. Mesmo sem os índices de atendimento, a coordenadora afirma que aumentou muito o número de pessoas com problemas respiratórios, principalmente a demanda por inalação.

O funcionário público Rodrigo Frasson, 30, se diz cansado de tanta fumaça. "Já está prejudicando a visibilidade, principalmente à noite. Aqui em casa a maioria das pessoas já apresenta irritação nas vias respiratórias. Mas vale lembrar que em 2007 foi ainda pior".

Combate - Mesmo com o alto número de focos de calor em Juara e Vila Rica e das notícias sobre a piora da qualidade do ar, o superintendente de Defesa Civil do Estado de Mato Grosso, Major Agnaldo Pereira de Souza, explica que os 2 municípios contam com equipes de brigadistas do Corpo de Bombeiros para combater os incêndios e se estivesse acontecendo algo fora do normal naquela região a Defesa Civil já estaria sob aviso.

Pereira ressalta que o grande número de queimadas no Estado se deve a falta de consciência da população e, consequentemente, ao uso indiscriminado do fogo. Exemplo disso é o que vem acontecendo em Cuiabá, que até há alguns meses não aparecia nos gráficos do Inpe. Entretanto, desde o início de agosto já são 467 pontos.

Na terça-feira (24), uma equipe do Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional (Ciman/MT) sobrevoou Unidades de Conservação da baixada cuiabana, o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e seus arredores. A equipe identificou que a maior parte dos focos está no entorno de Cuiabá, mais precisamente em chácaras na região do Manso, do distrito Nossa Senhora da Guia e próximo à Serra de São Vicente.

"As pessoas insistem em limpar suas propriedade com fogo. Por isso, cerca de 45 profissionais do Corpo de Bombeiros foram para essas áreas conter o avanço dos focos e evitar que eles cheguem ao Parque Nacional de Chapada dos Guimarães".

Rodovias - Além de trazer problemas para a saúde e para o ambiente, a fumaça que vem tomando conta do Estado preocupa a Polícia Rodoviária Federal, que entre os meses de junho e agosto deste ano registrou 31 acidentes em locais com difícil visibilidade devido à fumaça, poeira e/ou neblina. Ao todo foram 24 feridos e 7 mortos.

De acordo com inspetor da PRF Alessandro Dorileo, os focos de queimadas às margens das rodovias são provocados pelos próprios motoristas, que continuam jogando no acostamento bitucas de cigarro e latinhas de alumínio - que também são capazes de dar início ao fogo. Dorileo ressalta que, em Mato Grosso, as margens das rodovias não são devidamente limpas pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), o que facilita ainda mais o avanço das chamas.

"Apesar da PRF não ter registrado, este ano, nenhum acidente de grande proporção que tenha como causa principal a fumaça, não nos cansamos de pedir aos motoristas que não joguem lixo para fora da janela. Da mesma forma, orientamos que, em caso de fogo à beira do asfalto, os motoristas parem, chamem nossa ajuda e não adentrem na fumaça".

Até o fechamento desta edição o Dnit não havia se manifestado a respeito da afirmação.

Atenção - A Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental recomenda-se a ingestão de muito líquido, utilização de umidificadores ou baldes d"água. "As medidas são sempre as mesmas: proteção ambiental e pessoal", lembra o coordenador da vigilância em saúde ambiental Wagner Peres.





Fonte: A Gazeta

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