Uruguai "empurrou mais que os outros"" no acordo entre o Mercosul e UE, diz chanceler
Em entrevista à Ansa, o ministro de Relações Exteriores acusou, no entanto, um procedimento nem tão favorável da parte da Europa, que "pela atitude de alguns de seus estados membros demonstra uma certa "fragilidade"", enquanto o Mercosul é "monolítico e falamos com uma só voz".
O bloco que também reúne Brasil, Paraguai e Argentina "é o principal exportador de bens agrícolas e alimentares ao mundo, e por outro lado a UE tem o mais forte, diria quase perverso, mecanismo de protecionismo agrícola do mundo. É por isso que a negociação entre esses dois sujeitos não está entre as mais fáceis, mas pode ser levada adiante", explicou.
De acordo com Almagro, as cotas que os sul-americanos pedem às nações europeias são "no fundo muito baixas" e, por isso, "perfeitamente absorvíveis". "Esperamos de verdade que a UE se abra ao Mercosul, forte de um mercado diversificado como é o dos estados membros", completou.
As conversas por um tratado comercial foram retomadas em 2010, mas se arrastam há mais de seis anos devido a disputas de ambos os lados. Os europeus pedem uma maior abertura econômica e comercial aos latinos, de forma a facilitar investimentos, oferecer vantagens para compras governamentais e reduzir tarifas sobre produtos industrializados.
Já a América do Sul em geral e o Mercosul em particular solicitam que a UE ponha fim aos subsídios que concede a seus agricultores, pois isso prejudica o ingresso dos principais produtos de exportação provenientes do subcontinente.
"Sempre empurramos, mais do que todos os outros países do Mercosul, com uma atitude positiva e propositiva, por um acordo final com a UE. Devo reconhecer que não registramos o mesmo até agora da parte europeia", apontou o chanceler uruguaio.
Segundo ele, o bloco é "um instrumento insubstituível para nosso país, que não obteria nunca o quanto obtém através da adesão em relações bilaterais ou multilaterais próprias".
"De resto, o Uruguai é ligado aos países do Mercosul, Brasil e Argentina em primeiro lugar, por vínculos que não são só financeiros e econômicos, mas sobretudo históricos, culturais e, em muitos casos, também familiares", continuou Almagro, dizendo torcer para que a entidade se torne "cada vez mais forte", "pesando mais no cenário internacional".
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