Pequeno grupo de genes regula aparência física dos cachorros
A diferença de um pastor alemão para um poodle não é assim tão grande. Pelo menos geneticamente. Diferentemente do que se vê nos humanos, a maior parte das variações na aparência dos cães -como cor dos pelos e tamanho da orelha- são controladas por um pequeno grupo de genes.
A conclusão é do maior estudo de DNA já feito com cachorros, em que pesquisadores analisaram a composição genética de 915 bichos.
Foram comparadas 80 raças de cães domésticos, 83 canídeos selvagens (incluindo lobos, chacais e coiotes) e dez animais sem raça definida que viviam em abrigos.
A maioria das 57 características avaliadas -que incluem traços como tamanho dos dentes e comprimento dos pelos- são determinadas por pequenas transformações em menos de três regiões cromossômicas.
Ou seja: alguns poucos genes são inteiramente responsáveis por certas características. Nos seres humanos e em vários outros mamíferos, por exemplo, é comum que cada gene tenha efeito individual pequeno. É o arranjo de vários deles que, em geral, provoca mudanças perceptíveis.
"A incrível variedade fenotípica [de aparência] entre os cachorros domésticos modernos é única entre os mamíferos. Isso permite um olhar sobre as limitações e as potencialidades evolutivas da domesticação", afirmou Carlos Bustamente, da Universidade Stanford (EUA), que chefiou o estudo.
MINA DE OURO
Para os cientistas, o DNA dos cachorros é uma preciosidade. Afinal, a principal força que guiou a evolução do melhor amigo do homem não foi a seleção natural, mas sim os gostos e preferências de seus donos.
A seleção artificial de características consideradas desejáveis -como orelhas caídas e temperamento dócil- fez com que traços que não eram necessariamente melhores para os bichos fossem preservados.
Outra raridade do ponto de vista genético é a preocupação com a pureza da raças da cachorro. Os criadores costumam ser bastante criteriosos com as características consideradas "puras", o que garante um isolamento genético muito útil para os pesquisadores do tema.
"O controle que os criadores exercem sobre os cachorros deixou sinais claros no DNA. E essas pistas são muito úteis para nós [cientistas]", disse Bustamante.
HUMANOS AGRADECEM
Além de elucidar o DNA dos cães, o trabalho também será útil para os humanos, de acordo com os autores da pesquisa, publicada na revista "PLoS Biology".
Como as duas espécies convivem no mesmo ambiente e, não raro, sofrem com as mesmas doenças, os cientistas afirmam que a identificação da influência de certos genes também pode ser útil para o homem.
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