Minha Casa, Minha Vida tem problemas em Estados
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, minimizou o fato de apenas 1,2% das unidades contratadas pelo Minha Casa, Minha Vida para quem ganha até três salários mínimos --faixa que concentra 90% do deficit habitacional do país-- terem sido concluídas até agora.
Para Dilma, o foco não deveria ser na conclusão dos imóveis, mas nos índices de contratação. "Estamos dando um show porque tem mais de 500 mil [unidades] contratadas, quando se dizia que não conseguiríamos 200 mil", afirmou a petista.
A avaliação de Dilma, porém, contrasta com a de especialistas. Paulo Simão, presidente da CBIC [Câmara Brasileira da Indústria da Construção], parceira da Caixa na execução do programa, disse que os índices de contratação em alguns Estados são "um desastre".
"O Ceará, por exemplo, só perde para o Amapá. Mandamos o nosso pessoal para lá hoje, para saber por que os índices estão tão ruins."
Na faixa de renda de zero a três salários mínimos, em dez Estados o índice de contratações está em menos de 40% da meta.
No Amapá, a meta é de 4.589 imóveis, mas apenas 15 haviam sido contratados, o equivalente a 0,3%.
Ontem a Folha mostrou que Caixa Econômica Federal omitiu dados referentes à conclusão dos imóveis, segundo a faixa de renda a que se destinam. Os números obtidos pelo jornal constavam de balanço referente ao dia 30 de junho, divulgado apenas a parceiros do programa.
Questionada sobre a omissão dos dados pela Caixa, Dilma respondeu: "Aí você pergunta para a Caixa. Não tenho a menor condição de responder. Se não mostrou, está errado porque a Caixa tem um dos melhores desempenhos dos últimos anos em matéria de habitação", disse.
O objetivo do programa é contratar 1 milhão de imóveis até o fim deste ano --até o fim de junho, 520.943 imóveis haviam sido contratados.
Sobre o baixo índice de conclusão de unidades, a Caixa afirmou que existe um prazo de 12 a 24 meses para a entrega dos imóveis.
O programa foi lançado em março de 2009 e as primeiras propostas começaram a ser entregues em abril. "O número de unidades que chegaram ao cliente até hoje [ontem] é de 3.588, na faixa de zero a três salários", informou o banco.
Em relação à baixa contratação em alguns Estados, a Caixa disse que, no Amapá, "verificou baixo interesse de empresas e a indisponibilidade de terrenos". No Ceará, segundo o banco, há "um padrão de qualidade aquém do mínimo exigido, o que tem requerido maior tempo para conclusão das análises".
Sobre o Amazonas, afirmou ter 9.551 imóveis contratados --42,9% da meta. No balanço de junho, o número de contratações estava em 3.833, ou 17,2%.
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