Autores de novas obras da literatura mato-grossense deram entrevista na semana do Dia do Escritor.
Escritores de MT contam as experiências de escrever livros no Estado
Um suspense passado em Cuiabá. Histórias de vida para serem contadas. Outras histórias para serem sentidas. O dia 25 de julho é um dia dedicado a homenagear o escritor brasileiro. Apesar de ainda serem pouco conhecidos do grande público, novos escritores de Mato Gosso inovam e usam da criatividade e sensibilidade para contar suas histórias, que já fazem parte da nova literatura mato-grossense. Na série de reportagens feita pelo site da TV Centro América, três escritores contaram as dificuldades, gratificações e a experiência que tiveram ao escrever livros.
Quando escreveu o livro "A Flecha", Átila Real não tinha planos para deixar Mato Grosso. Hoje, um ano depois de lançar o suspense, mora em Cacoal (RO) e trabalha com vendas, mas deixou nas linhas de seu livro a prova do carinho que tem pelo Estado. "Quando morei em Sinop, vendia softwares e tinha um escritório dentro de casa. Com o tempo de sobra, comecei a escrever, isso por volta de 2003", contou.
Quando morava em Cuiabá, imaginou a história de um serial killer atacando na UFMT e foi daí que o livro teve início. "Depois do início, travei. O livro ficou uns sete meses esquecido no computador, até que li um livro na casa de minha mãe que contava a história de um escritor de romance experiente que estava revoltado porque ninguém comprava mais romance, e passou a escrever como deveria eser escrito um conto policial. Era o que me faltava. Mostrei meu livro para umas 30 pessoas diferentes, de níveis culturais diferentes, pra ver a opinião, pra ter certeza se deveria continuar com a ideia de publicar meu livro", afirmou.
Para um moto-taxista de Rondonópolis, que trabalha há 14 anos na profissão, as histórias alegres, curiosas e dramáticas de seus clientes viraram inspiração. O rondopolitano Lindomar Moraes lançou um livro em junho deste ano com histórias de seus passageiros que, para ele, são exemplos de vida que queria passar adiante. "Eu não podia guardar essas histórias somente para mim. Foi assim que surgiu a ideia de escrever o livro. São textos curtos e foram escritos intencionalmente dessa forma, para facilitar e estimular a leitura de crianças", disse o autor do livro "Vidas que vêm e Vão - Histórias que Ficam", que reúne 30 histórias verídicas de passageiros escritas em forma de contos.
Já Afonso Pimenta fez um livro, lançado em maio deste ano, pensando na dimensão das pessoas que poderiam ter acesso ao material. Ao lançar "Juguru na Viagem do Descobrimento", pensou como a obra poderia chegar às pessoas com dificuldade de visão e com deficiência auditiva e visual. O romance foi a primeira publicação mato-grossense totalmente acessível para as pessoas com deficiências auditiva e visual, impresso com fonte ampliada para a baixa visão, escrita braile e ainda acompanha um DVD contendo o livro/áudio e livro/libras, com legenda.
"O escritor deve ter essa característica. Deve pensar e fazer algo para esse universo de leitores que precisam desse tipo de recurso, dessa variedade de abordagem. Quando se fala em inclusão social, acho que se fala errado. Não seria o fato de incluí-los em nosso meio e sim superar as dificuldades que encontramos para chegarmos até as pessoas com dificuldades", explicou. Segundo Pimenta, a inclusão social não pode ser um modismo, então acha que a obra vai ter mais valor nas mãos de quem realmente precisa dele.
Mas os três autores concordam em uma coisa: quem quer escrever não pode deixar as adversidades atrapalharem a jornada. "Que escrevam primeiro para si mesmos, para satisfação pessoal. Depois disso, o que vier é lucro", brincou Átila.
Dificuldades
Apesar dos livros prontos e editados, o caminho para a publicação não foi fácil. "Se você é um escritor dependente, tem que correr atrás. Como há palavras escritas que não têm ainda tradução para libras, houve um trabalho para conseguir uma pessoa responsável para construir o material para a linguagem dos sinais e para o braile. O resultado foi gratificante", contou Pimenta.
Já Átila disse que antes de conseguir publicar o suspense, entre as dificuldades, uma em especial o desanimou. "No meio da minha busca por patrocínio, fui a uma livraria da Grande de Cuiabá me informar com o gerente a respeito do mercado editorial brasileiro. O dono me atendeu e me disse várias coisas mas, no final, ele me olhou firme nos olhos, colocou a mão no meu ombro e disse bem sério "olha, espero que você não esteja pensando em ganhar dinheiro com isso. No Brasil, somente o Paulo Coelho ganha dinheiro vendendo livro. E Paulo Coelho nós já temos um, né?"",
Próximos livros
Os três escritores já confirmaram ao site da TV Centro América que devem lançar logo suas próximas obras. Lindomar Moraes ainda está planejando como fará a próxima obra. "Estou com o projeto de daqui algum tempo lançar mais um livro com histórias de outros passageiros ou outro livro de contos", contou.
Já Afonso Pimenta deve lançar a próxima aventura de Juguru no primeiro trimestre de 2011. O livro "Juguro nas terras do siriri" vai contar com todo o aparato de audio-visual que o primeiro teve, facilitando o acesso das pessoas com dificuldade de visão e audição.
Átila Real também trabalha na segunda aventura de Ed Bosco, personagem principal de "A Flecha". "Estou com 10 caítulos prontos de meu segundo romance. Vai se chamar "Agharta", que tem como plano de fundo a teoria de que o planeta é oco e que dentro da terra vive uma civilização", adiantou o escritor.
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