O Uruguai não estava convidado para a grande festa, que chegou mesmo assim e agora não quer sair. Dos quatro sul-americanos presentes nas quartas de final da Copa do Mundo, os uruguaios foram os únicos sobreviventes, e voltam a disputar uma semifinal depois de 40 anos.
Os jogadores, no entanto, ainda não se dão por satisfeitos. "Como dizem na minha cidade, com orgulho: já que estamos no baile, temos que continuar bailando. Não fomos convidados, mas chegamos", disse o atacante Sebastián Abreu, autor do gol que garantiu a vitória de sua equipe contra Gana, na disputa por pênaltis.
O sentimento de "El Loco" Abreu reflete o sentimento do grupo, que não figurava na lista dos favoritos antes do Mundial começar. O Uruguai foi o último classificado nas eliminatórias da Conmebol e teve que disputar uma repescagem com a Costa Rica para assegurar sua presença na África do Sul.
"Não acreditavam que poderíamos nos classificar", afirmou Diego Forlán, diante de um enxame de jornalistas na porta do hotel onde está a delegação, em Johannesburgo. O Uruguai chegou à segunda fase depois de terminar na liderança do Grupo A, que ainda contava com a anfitriã África do Sul, a França e o México, este último o segundo colocado.
Os bicampeões mundiais também contaram com a sorte para chegar até onde estão. No duelo contra Gana, no último minuto da prorrogação, o atacante Luis Suárez colocou a mão na bola, em cima da linha, para impedir um gol certo dos africanos, que resultaria da eliminação. O ganense Gyan, que até então havia marcado três vezes, sendo duas de pênalti, desperdiçou a sua cobrança.
"Vamos jogo a jogo. Internamente estamos muito fortes por ter chegado até onde estamos, mas queremos ir mais longe", falou Diego Pérez. "Companheirismo, convicção e humildade. E claro, futebol", explicou o volante quando questionado sobre a razão do sucesso do time.
O Uruguai enfrenta a Holanda, que eliminou o Brasil, na primeira semifinal na Copa, na próxima terça-feira, às 15h30 (de Brasília), no Estádio Green Point, na Cidade do Cabo. A decisão será no dia 11. Para os sul-americanos, por causa do favoritismo, os europeus entram em campo com uma pressão maior.
"É uma equipe dinâmica, com vários jogadores de classe e que podem levar perigo", analisou o zagueiro Lugano. "Mas nós também temos o nosso futebol e o desejo de ir até a final. Cremos muito no grupo e no Uruguai também pensam que podemos alcançar algo maior", acrescentou.
O capitão da equipe, no entanto, não deve enfrentar os holandeses, por conta de uma lesão no joelho que o obrigou a ser substituído antes do intervalo contra Gana. O artilheiro Suárez, suspenso, é outro que fica de fora. Mas nada que tire o entusiasmo do time.
"Estamos vivendo um grande sonho", disse Abreu, para quem tudo que vier daqui para frente será lucro.
A delegação uruguaia viajou na tarde deste domingo para a Cidade do Cabo, local da partida contra a Holanda. O vencedor do confronto encara Alemanha ou Espanha na grande decisão.
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