Armando Franca/AP | ||
O goleiro Julio César recebe atendimento médico em campo |
Goleiros e médicos evitam polemizar proteção nas costas de Julio César
Durante o empate desta sexta-feira com Portugal, o goleiro Julio César precisou de atendimento médico após bola dividida com Raul Meireles. Ao levantar o uniforme, deixou aparente uma proteção que estava usando nas costas --e iniciou a discussão.
Inusitado para a maioria dos torcedores, o acessório também chamou a atenção porque o jogador chegou a ser cortado de um dos amistosos preparatórios para a Copa, contra a Tanzânia, devido a uma contusão exatamente no local. "Será que as dores continuam? É permitido uma proteção assim?", questionou-se bastante, por exemplo, no Twitter.
"Já tive várias vezes o mesmo problema do Julio, mas nunca precisei usar. Acho que é uma solução extrema", declarou o goleiro Rubinho, revelado pelo Corinthians e atualmente no Livorno (ITA), em entrevista para a Folha.com.
Porém, tanto o ortopedista Marcelo Aurélio Cunha, superintendente do São Paulo, quanto o médico do Santos, Carlos Alberto Braga, garantem: não há motivo para polêmicas.
"É absolutamente normal, tão normal quanto Felipe Melo [volante do Brasil] expor a caneleira e as pessoas verem a atadura que existe ali por baixo. Você estranha por ser um goleiro", diz o primeiro. "Trata-se de uma faixa elástica contensora, comum no futebol. Ele levou uma pancada semanas atrás e o atleta lança aquilo para dar um apoio, uma sustentação melhor para a sua musculatura", declarou o segundo.
De acordo com Cunha, o material não possui nada metálico, como alguns asseguraram ter visto pela televisão. "É de espumas e fibras, um produto sintético, elástico. Usamos muito no São Paulo essas bandagens. O jogador se sente protegido. É como usar um tensor na coxa, no tornozelo ou no ombro", afirma.
E aproveita para brincar: "Pergunta para o goleiro do Chelsea [Petr Cech, famoso por atuar com uma espécie de capacete no rosto] se ele veste aquilo porque está com dores na cabeça. Não. Ele sofreu um acidente, há anos, e se sente mais seguro de jogar assim. O Massaro [Daniele, ex-seleção italiana] sempre jogava com uma proteção tipo a do Julio César. Já cheguei a atendê-lo no Japão. É normal".
Collant
O santista Braga também diz já ter experimentando o que chama de "collant" no clube. E nega que o utensílio atrapalhe de algum modo o goleiro. "Ele permanece com todos os movimentos perfeitamente. Material metálico é para quem tem hérnia de disco".
Campeão da Copa do Brasil de 1995 pelo Juventude e vencedor da "Bola de Prata" da posição pelo Bahia, em 2001, o ex-goleiro Emerson Ferretti engrossa o discurso: "Eu mesmo já joguei com algo bem parecido quando machuquei as costas. Aquilo é para o atleta sentir mais firmeza dentro de campo". Ainda com passagens por Grêmio e Flamengo, ele completa: "É normal... pelo menos quando você tem uma lesão".
Confrontado com a frase de Julio César depois da partida, que jurou atuar assim independente de estar sentindo dores ou não, inclusive na Inter de Milão (ITA), Emerson ponderou: "Só se for uma particularidade dele, né... cada jogador tem a sua. Tem quem bote atadura, esparadrapo, camisa por fora do calção. Pode ser".
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