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Politica Brasil
Segunda - 14 de Junho de 2010 às 13:04
Por: Robson Bonin

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Agência Brasil
O ex-Secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, no final de abril
O ex-Secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, no final de abril
 
Minutos após ter sido avisado pela imprensa de sua exoneração, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, afirmou nesta segunda-feira (14) ter sido vítima de uma “covardia política”. Tuma Jr. disse que “a verdade virá à tona” e que a sua demissão foi resultado das ações do crime organizado e de pessoas interessadas em prejudicar o seu pai o senador Romeu Tuma (PTB-SP).

“Acho que fui vítima de uma covardia política. Minha exoneração foi política e contra isso não tenho como me defender. Acho que a verdade vai vir à tona”, afirmou Tuma Jr. ao G1 em uma conversa de 20 minutos em seu gabinete.

Mais cedo, o Ministério da Justiça anunciou, em nota, a decisão do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, de pedir a exoneração do secretário nacional de Justiça. Para Barreto, “estando fora do cargo, Tuma Jr. poderá melhor promover sua defesa”. O ministro elogiou Tuma Jr. destacando “os relevantes trabalhos prestados por ele” enquanto esteve no comando do órgão.

Tuma Jr. é suspeito de ter envolvimento com a máfia chinesa de São Paulo e de tráfico de influência, o que ele nega. Ele responde a três procedimentos junto à Comissão de Ética da Presidência da República, junto ao próprio MJ e à Polícia Federal.

Dizendo-se “amargurado” e “frustrado” com a notícia de sua exoneração, o secretário nacional de Justiça disse que vai continuar trabalhando até que sua demissão seja publicada no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer apenas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinar a ordem – o que não tem data para ocorrer.

“Estou amargurado [com a exoneração] e frustrado porque sou secretário nacional de Justiça e estou sendo vítima da maior injustiça. Se isso acontece comigo, imagina com o cidadão. Essa exoneração é uma brutal injustiça porque é óbvio que isso é para atingir o meu pai. O velho vai disputar a eleição e é muito forte”, disse Tuma Jr.

Sem citar nomes, além de considerar “uma injustiça política” sua demissão, Tuma Jr. também criticou “a forma arbitrária” como o seu caso teria sido conduzido por um delegado de política. “É uma injustiça a forma arbitrária com que um delegado da polícia está agindo. Não há um fato que lá esteja [no inquérito] e que não esteja distorcido”, afirmou. “Esse assunto [denúncias contra ele] está muito politizado. Durante os 30 dias de férias tentei buscar informações sobre o inquérito e só consegui ter acesso na quinta-feira. Um dia antes de depor”, complementou.

Tuma Jr. também afirmou que sua exoneração é obra da ação do crime organizado. “Estou sendo vítima do crime organizado, da verdadeira máfia que eu combati durante 30 anos. Porque primeiro eles tentam matar a testemunha, depois tentam desmoralizar o testemunho e, se mesmo assim, não conseguem o que querem, tentam desmoralizar o investigador”, avaliou.

O secretário prestou depoimento à Comissão de Ética Pública da Presidência da República na sexta-feira (11). Durante três horas, ele rebateu as acusações e deu a sua versão sobre os fatos. “É a primeira vez na história que alguém está sendo reinvestigado”, argumentou. “Eu fui averiguado e fui investigado. Não fui indiciado, não fui denunciado e não fui processado”, concluiu Tuma Jr., repetindo a declaração prestada em entrevista ao G1 no dia 7 de maio.

Ele procurou não dirigir suas declarações diretamente ao ministro da Justiça. Tuma Jr. disse que sua relação com Barreto “continua a mesma” e afirmou que irá conversar com o ministro ainda nesta segunda, tão logo Barreto chegue a Brasília. Ele está em Florianópolis (SC), em viagem oficial.

Tuma Jr. voltou a dizer que é amigo de Paulo Li, o suposto chefe da máfia chinesa em São Paulo: “Nunca neguei e não vou negar nunca a minha amizade com o cara.”

O gabinete do secretário é repleto de lembranças que ele recebeu de órgãos da polícia e de órgãos que visitou no exterior, durante viagens oficiais. Além das fotos da família, Tuma Jr. tem duas fotos com o presidente Lula, sendo que em uma delas ele aparece com o ex-ministro Tarso Genro, que deixou a pasta em fevereiro para se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul. Ele evitou comentar se a injustiça política teria sido praticada pelo presidente ou por Barreto: “Acho que é uma injustiça muito grande para um governo democrático. Mas não vou comentar. Acho que isso é obras das pessoas que querem me ver fora do governo, não só de políticos.”

Tuma Jr. disse que ainda não pensou o que vai fazer. Se vai voltar para São Paulo onde é delegado da Polícia Civil de carreira ou se vai se aposentar. “Não vi isso ainda. Minhas filhas estudam aqui em Brasília. Vou ver o que vou fazer. Elas não podem perder o ano letivo”, disse.

Sobre o seu processo, ele disse “que muita coisa ainda vai aparecer” e disse que “será de arrepiar” os fatos que irão surgir. Tuma Jr. negou, no entanto, que isso seja um recado ou chantagem com alguém. “Ainda confio na Justiça. Estou tranquilo e quando os fatos surgirem, as pessoas vão ver coisas que vão se descabelar, vocês vão se arrepiar”, argumentou.






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