"Essa decisão oficializa o estupro da política interna do partido. Jogaram na lata de lixo as regras pelas quais lutamos há 30 anos", disse Dutra. "O PT tem de jogar fora seu código de ética. Entregar o partido para quadrilha não é ter ética."
O deputado, 54, passou a noite de quinta para sexta no plenário, em vigília pela reunião da cúpula petista que definiria se o partido revogaria decisão do diretório maranhense de apoiar a candidatura do deputado Flávio Dino (PC do B), adversário político da família Sarney, ao governo estadual.
"Sarney se sente ameaçado e quer destroçar as novas lideranças, como Dino", afirmou, referindo-se ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Até o fim da greve de fome, "sem data para terminar", Dutra quer beber apenas água de coco. Tem usado um sobretudo por cima do terno para enfrentar o frio do gelado plenário da Câmara. Um colchonete serve de cama.
Lê enquanto aguarda as sessões da próxima semana, quando ocupará a tribuna para denunciar o caso. Entre as obras escolhidas, "O Camaleão" e "A Oligarquia da Serpente", sobre a atuação política dos Sarney. Também há livros de Gandhi, Chico Xavier e Graciliano Ramos --deste, escolheu "Insônia".
A atitude do PT fez Dutra desistir de se candidatar na eleição deste ano. "Minha história é incompatível com a de Sarney." Ainda não sabe se deixará o partido, mas poupa, por enquanto, o presidente Lula de críticas. O alvo das reclamações é o PMDB. "Já temos o vencedor antecipado desta eleição."
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