Pesquisas para censo da pesca iniciam na Bacia do Alto Paraguai
O Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e suas instituições parceiras começam neste mês o Censo Estrutural da Pesca na Bacia do Alto Paraguai. O trabalho faz parte do projeto do Ministério da Pesca e Aquicultura para desenvolver o Sistema de Monitoramento da Pesca em todo o país.
“É uma cadeia produtiva que ainda está muito marcada pela informalidade. Por isso, é necessário um levantamento preliminar à implantação do sistema. Temos que conhecer a situação real de quem vive da pesca para que o sistema tenha relevância social, econômica e ambiental”, afirma o Professor Paulo Teixeira de Sousa Júnior, do Centro de Pesquisa do Pantanal.
Hoje, a pesca no Brasil se desenvolve em circunstâncias muito variadas. Além das diferenças entre a pesca marinha e de água doce, o Ministério quer entender as características da produção industrial e da artesanal. “Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já têm seus próprios sistemas de monitoramento. O objetivo agora é entender as peculiaridades de cada cenário para criar ações específicas, que promovam a sustentabilidade da pesca dentro de realidades distintas”, ressalta Paulo Teixeira.
Na Bacia do Alto Paraguai, o Censo será desenvolvido em parceria com as Federações de pescadores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Vamos treinar pessoas das próprias comunidades para fazerem o trabalho de coleta de informações. Queremos saber onde eles pescam, para quem eles vendem, onde estão as espécies comercializadas”, adianta a pesquisadora Lúcia Mateus, que vai se a coordenadora técnica da pesquisa em Mato Grosso. Como nos censos realizados pelo IBGE, o conteúdo de todos os questionários será confidencial justamente para garantir a fidelidade dos dados coletados.
O pesquisador Agostinho Catella, da Embrapa Pantanal, acredita que a falta de informações faz com que a importância econômica desta cadeia produtiva seja subestimada. “Nós sabemos que a pesca produz mais postos de trabalho e renda do que se sabe. É um segmento que está muito desarticulado. Os pescadores e os catadores de iscas se intimidam pelo excesso de regras e acabam omitindo informações”, conta Agostinho, que vai coordenar o trabalho em Mato Grosso do Sul.
Com uma imagem de pouca representatividade na economia nacional, a pesca acaba desvalorizada. Um retrato mais fiel do setor vai ajudar a traçar melhores políticas públicas para quem tira seu sustento da atividade. “Nossa expectativa é não só fornecer subsídios para avaliar o fluxo da pesca, mas também apontar caminhos para melhorar a oferta do pescado e as condições de vida de quem atua no segmento”, ressalta Agostinho.
A pesquisa também ajudará a conhecer melhor os estoques pesqueiros na Bacia do Alto Paraguai. “Se você não sabe onde estão os peixes não tem como definir uma estratégia de manejo eficiente”, lembra Lúcia Mateus. Saber de onde vem cada espécie vai beneficiar a preservação ambiental. Os pescadores acompanham a produção natural dos peixes e acabam fazendo um monitoramento ambiental. “O que eles têm a nos dizer é muito importante para visualizarmos se está havendo algum desequilíbrio e entender como a reprodução dos peixes está acontecendo”.
Em Mato Grosso, o Censo será realizado nos municípios de Cuiabá, Barra do Bugres, Barão de Melgaço, Cáceres, Poconé, Rondonópolis, Rosário Oeste, Santo Antonio de Leverger, Várzea Grande. Em Mato Grosso do Sul, nos municípios de Aquidauana, Bonito, Campo Grande, Corumbá, Coxim, Miranda e Porto Murtinho. As pessoas que farão a coleta de dados deverão entrevistar pelo menos 80% dos pescadores, percorrendo também, regiões pesqueiras mais distantes desses municípios.
As informações são da assessoria.
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