O papa Bento 16 fez, neste sábado, durante visita ao Chipre, um chamado ao diálogo entre as religiões cristã e muçulmana no segundo dia de sua visita a Chipre, ilha do Mediterrâneo dividida há 36 anos entre comunidades ortodoxas ao sul e muçulmanas ao norte.
Enquanto escândalos de pedofilia envolvendo o clero abalam a Igreja Católica e revelações de abusos cometidos por clérigos contra menores se multiplicam no mundo, o papa também destacou a necessidade de que haja "sacerdotes bons e santos".
"A Igreja adquiriu uma consciência renovada da necessidade de sacerdotes bons, santos e bem formados", disse Bento 16 ao se reunir com a pequena comunidade católica da ilha em uma escola maronita da capital cipriota.
Em 27 de maio, Bento 16 já tinha condenado estes casos de pedofilia, estimando que são "motivo de escândalo" que devem levar a "aprender de novo a penitência" e "aprender por uma parte o perdão e por outra, a necessidade de Justiça".
Mas na ilha, dividida desde 1974 entre comunidades turco-cipriota ao norte e greco-cipriota ao sul, o papa também insistiu na importância do diálogo entre as religiões, estimando que "ainda resta muito a fazer no mundo".
"Só com um trabalho paciente é possível construir a confiança mútua, é possível superar o peso da história passada e as diferenças políticas e culturais entre os povos podem se tornar razão para trabalhar em uma compreensão mais profunda", disse o pontífice durante encontro na escola Santo Maron de Anthupolis, bairro de Nicósia.
"Animo-os a favorecer a criação de tal confiança mútua entre cristãos e não-cristãos, como base para fundar uma paz duradoura", acrescentou.
Multidão
Duas mil pessoas, sobretudo cipriotas de confissão maronita, estavam reunidas no pátio do colégio.
A visita do papa provocou críticas por parte de alguns responsáveis da comunidade ortodoxa, que pediram o boicote das cerimônias oficiais. Foram chamados à ordem pelo líder da Igreja Ortodoxa cipriota, arcebispo Chrysostomos 2º.
Na sexta-feira, no avião que o levou ao Chipre, Bento 16 já havia afirmando que "é preciso ser capaz de dialogar com nossos irmãos muçulmanos e prosseguir este diálogo para uma coexistência ainda mais frutífera".
No sábado à tarde, o papa pode reunir-se com o líder dos muçulmanos cipriotas turcos, o mufti Yusuf Suicmez, que pediu a entrevista: "há uma possibilidade concreta de que se reúnam", disse na sexta-feira à imprensa o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
O papa também chamou os católicos ao diálogo ecumênico, destacando que "a busca de uma unidade maior na caridade com os outros cristãos" é uma "parte essencial" da missão de sua Igreja.
O papa foi convidado à ilha pelo presidente Demetris Christofias e pelo arcebispo, Chrysostomos 2º, que o recebeu no arcebispado no meio do dia.
O objetivo oficial da viagem é a entrega, no domingo, por Bento 16 ao Conselho Pré-sinodal do documento de trabalho para o sínodo sobre o Oriente Médio, previsto para outubro no Vaticano.
Segundo o papa, este sínodo "refletirá sobre o papel vital dos cristãos nesta região (...) e contribuirá para promover uma cooperação maior entre os cristãos da região
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